São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivos acusam Philip Morris de "grampo"

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Executivos acusam Philip Morris de ``grampo"
O grupo norte-americano Philip Morris está sendo acusado, em São Paulo, de prática de escuta telefônica ilegal contra três de seus executivos.
O caso está registrado oficialmente no 89º Distrito Policial (Morumbi, zona sul de São Paulo). O delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, formado no FBI (a polícia federal dos EUA) investiga o caso -e, na segunda-feira, decretou sigilo de Justiça. Isso torna proibida a pesquisa ao inquérito.
A Folha obteve uma cópia das investigações, remetidas à Justiça. Nos depoimentos, os executivos Antônio Carlos Ferreira, Isael Pinto e José Martinho acusam a Philip Morris de ter instalado ``grampos" (escutas) em seus telefones.
Os três eram executivos da empresa de alimentos Q-Refresco, de propriedade da multinacional. Demitiram-se dos cargos há dois meses. A Philip Morris ainda os acusa de terem se demitido para, supostamente, venderem segredos industriais.
Os executivos souberam do ``grampeamento" através deValdir Matias dos Santos, 25. Ele trabalha como detetive particular na agência Barros de Investigação, em Santana (zona norte).
Valdir conta em inquérito que recebia R$ 10,00 para transcrever cada uma das conversas telefônicas dos executivos -contidas em 50 fitas-cassete, apreendidas pela polícia. Como recebia ``pouco dinheiro" pela tarefa, Valdir resolveu extorquir os executivos em R$ 14 mil, em troca das fitas. E revelou que estava trabalhando a soldo da Q-Refresco.
O detetive particular foi preso em flagrante no último dia 3, no Shopping Center Penha (zona leste), quando recebia R$ 4 mil de dois dos executivos. Eles haviam acionado o delegado Mauro Marcelo, alegando estarem sendo vítimas de extorsão e escuta ilegal. O flagrante do pagamento ao detetive particular foi fotografado nos mínimos detalhes.
Em depoimento à polícia, o executivo Antônio Carlos Ferreira da Silva acusa a Q-Refresco e a Philip Morris de terem cometido contra ele, em seu último dia de trabalho (27 de março), ``coação e constrangimento ilegal" -que, ainda segundo o executivo, teriam sido praticados por ``diretores e presidentes".

Texto Anterior: Estrangeiros querem investir US$ 250 mi
Próximo Texto: Scania faz maior venda de caminhões a um só cliente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.