São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Maílson defende política de transição

DA REPORTAGEM LOCAL

Estimativas de inflação que variam de 25% a até 40% ao ano não permitem a desindexação dos salários a partir de julho, quando termina o IPC-r (Índice de Preço ao Consumidor em real). Esta é a opinião, unânime, dos economistas ouvidos ontem pela Folha.
``O Plano Real ainda não tem idade para ser desindexado", diz o ex-ministro Mailson da Nóbrega.
A indexação é o processo pelo qual as obrigações monetárias têm seus valores corrigidos pelos índices oficiais do governo.
Para Mailson, com uma taxa de inflação acima de 2% ao mês, o fim de um índice oficial de correção dos salários deve levar ao uso de indexadores não oficiais.
Na terça-feira, o ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o governo estuda uma nova política salarial, válida a partir de julho, que deverá incorporar parcelas das inflações futura e passada.
A correção de salários e contratos com índices baseados em inflação futura já foi usada no país. A fórmula foi criada por Mario Henrique Simonsen, em meados da década de 60.
``Na época, o governo projetava uma inflação futura em níveis abaixo do registrado no mercado, o que acabou provocando um arrocho salarial", conta Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese.
Para Mendonça, a fórmula de inflação futura deve ser negociada entre governo, trabalhadores, empresários e parlamentares.
``Uma negociação articulada e com credibilidade pode fazer com que as expectativas de inflação venham a cair", afirma.
Cristina Bueno, da Gil Pace Consultores, diz que em épocas de inflação ascendente, como a atual, a criação de um índice que projete a inflação futura pode levar a um crescimento das taxas.
Sideval Arone, presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, afirma que o sucesso da fórmula depende de sua periodicidade. ``Se projetar a inflação futura para contratos corrigidos em longo prazo, a fórmula pode até trazer a queda da inflação. A correção em curto prazo, traz o risco da reindexação."

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