São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fim do monopólio das 'teles' atrairá US$ 44 bi em 5 anos
JOÃO BATISTA NATALI
Uma delas: nos cinco anos após uma eventual quebra do monopólio, poderiam ser investidos US$ 44 bilhões para atingir metas de certo modo modestas, como equipar com telefone 35% dos domicílios urbanos, em lugar dos 23% atuais. É o que diz Sebastião Alpha, membro do conselho consultivo do IBDT (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento das Telecomunicações), coletivo de empresas que aguarda a quebra do monopólio para ingressar no setor. Entre os cerca de 150 fornecedores de equipamento, o cenário também é de expansão acelerada. Dependendo da definição pelo governo de uma política industrial (estimular a produção nacional ou as importações), o faturamento, que gira hoje em torno de US$ 2 bilhões ao ano, poderá ser multiplicado por duas vezes e meia. É a previsão de Rogerio Furtado, do grupo de telecomunicações da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). É claro que o cenário depende do Congresso e do conteúdo que ele dará à reforma constitucional. Se não houver qualquer lei ordinária emperrando a quebra do monopólio nas telecomunicações, aprovado, por enquanto, na comissão especial da Câmara que analisa o assunto, esses investimentos são dados como certos pela maioria das pessoas que atuam no setor. Caso a lei afugente o capital privado, ele se limitaria, então, à telefonia celular e aos serviços em que já está instalado como concessionário. É o caso do ``paging", maquininha que se carrega na cintura e possui uma tela na qual aparecem inscritos os recados. Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez Comunicações -uma das novas operadoras do mercado-, diz acreditar, no entanto, que há clareza na vontade política do governo para que o monopólio dê lugar a um mercado de concorrência. A Andrade Gutierrez está associada a empresas estrangeiras com tradição no ramo e vontade de investir em tecnologia. O mesmo ocorre com o Grupo Itamaraty, interessado no mercado de todos os produtos de comunicação sem fio. O presidente do IBDT, Oscar Dias Correa Júnior, fala na geração de empregos. Só a expansão privada do celular permitiria 10 mil empregos diretos. O mesmo aconteceria em função de novos produtos, como o ``truking", radiotelefonia portátil de longo alcance para redes empresariais, e o EDI, sistema de gestão informatizada da malha de relações de uma empresa com seus fornecedores e clientes. Para que o mercado se dinamize, não basta mudar a Constituição. É preciso definir, em seguida, as regras de seu funcionamento para que, conforme lembra um dos executivos da área, a regulamentação não seja imposta, de fato, pelas empresas mais fortes. Outro ponto delicado está nas tarifas. Dos 12 milhões de assinantes de telefone, 650 mil pagam mensalmente apenas R$ 0,61 porque consomem uma quantidade de impulsos inferior à franqueada. É uma maneira de dizer que a tarifa dos telefonemas urbanos tende a aumentar, como forma de custear os investimentos. Os prováveis operadores também consideram elevadas as tarifas de ligações internacionais, que, instituída a concorrência, deverão ser reduzidas. Texto Anterior: A força do hábito Próximo Texto: PSDB resiste a volta do imposto do cheque Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |