São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Vicentinho alerta para conflito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem que a greve dos petroleiros ``pode se transformar num conflito sangrento".
``Os petroleiros têm dignidade como qualquer um de vocês aqui e se algum de vocês sentir a dignidade atingida reagirão (sic) da maneira mais dura possível", disse aos jornalistas em entrevista.
Para Vicentinho, a greve dos petroleiros ``lembra a da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)". Ele se referia ao confronto entre Exército e operários em 88, quando três operários foram mortos por soldados dentro da usina.
``Se aparece o Exército lá (nas refinarias), como já tem ameaça, vai ter problemas seríssimos."
Vicentinho afirmou que quanto mais o governo endurecer sua posição contra os grevistas mais tempo o movimento irá durar. ``Não se garante retorno ao trabalho com baioneta", disse.
Para Vicentinho, o presidente Fernando Henrique está tendo uma postura ``como a dos presidentes da época da ditadura (1964-1985).
Ele também criticou os juízes do TST (Tribunal Superior do Trabalho). ``Se o Brasil caminhar para a democracia, com certeza este elefante branco vai acabar."
Segundo Vicentinho, a CUT está disposta a negociar com o governo. ``É um absurdo o governo não sentar para conversar", disse.
Vicentinho disse que o ex-presidente Itamar Franco ligou ontem para ele e mandou em telegrama para manifestar sua posição contrária ao ministro do TST, Almir Pazzianoto, que criticou o acordo feito em 94 entre governo e CUT.
Segundo o líder sindical, Itamar estaria indignado pelo fato de Pazzianotto não ter feito suas críticas quando o acordo foi selado.
Vicentinho disse querer colocar ``publicamente sob suspeita" a idoneidade do ministro Ursulino Santos, do TST, que teria integrado projeto para destruir o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, José Lavorato.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do TST informou que não conhece dossiês contra Santos, o que impediria uma declaração oficial do tribunal.

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