São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Alunos da PUC são suspensos por trote violento

DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte e dois estudantes de medicina da PUC de Sorocaba foram suspensos, por períodos de 60 a 180 dias. São acusados de ter praticado trote violento em 93.
A pena de suspensão foi imposta pelo reitor da universidade, Antônio Ronca. Os estudantes impetraram um mandado de segurança no mesmo ano e evitaram que a decisão fosse cumprida.
Há duas semanas, no dia 5 de maio, o juiz federal da 2ª Vara da Justiça de São Paulo, Victorio Giuzio Neto, deu a sentença final e confirmou a pena.
``Não cabe ao juiz alterar a pena. Eu apenas julguei a legalidade do ato do reitor, e ele agiu dentro da lei", disse o juiz.
A punição começou a ser aplicada na segunda-feira. Todos os alunos punidos vão perder o ano e terão o registro da suspensão em seus históricos escolares.
Nos primeiros dias letivos de 93, funcionários da PUC tiraram fotos de alunos praticando o trote e receberam denúncias de pais e da comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Foi aberta sindicância.
A sindicância concluiu que os calouros tiveram que ingerir bebidas alcoólicas, simular relações sexuais e tomar banho em óleo queimado. Eles tiveram ainda as roupas e os cabelos cortados.
``Não aceito a alegação de que era brincadeira. É inconcebível aceitar que a violência legitime a integração entre os alunos", afirma Giuzio Neto.
Os pais dos alunos envolvidos organizaram uma comissão e pediram que a pena fosse mudada para prestação de trabalhos sociais. Segundo Ronca, a mudança não foi aceita porque não é medida disciplinar prevista no regimento.
Ronca diz que a universidade tomou a decisão para reprimir o trote. ``Obrigar pessoas a passar por situações assim é uma atitude nazista", diz.
Segundo o diretor do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da PUC de Sorocaba, Hudson França, com a sindicância, os problemas com trote diminuíram.

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