São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995 |
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Juventude marginal dos 90 ganha registros
ERIKA PALOMINO
Ao menos no hemisfério norte. O importante é notar como esses registros ganham terreno no ``mainstream", sobretudo neste momento conservador dos EUA. Talvez a bienal de artes do museu Whitney, em Nova York, seja o principal carro-chefe dessa tendência. É lá que estão importantes trabalhos dos fotógrafos americanos Nan Goldin, 41, David Armstrong, 42 e Catherine Opie, 34. Como denominador dos personagens dos três uma subversão de origem sexual. O trabalho do Whitney da fotógrafa Nan Goldin mostra uma impressionante cena japonesa, num grande painel de 64 fotos coloridas. Elas trazem jovens do universo noturno underground, em boates, prostíbulos, apartamentos e banheiros decadentes. Os jovens, estes são prostitutas, gays e lésbicas, mais gente ``diferente", visivelmente desajustada. Em preto-e-branco, David Armstrong (parceiro de Nan em alguns livros), traz por sua vez retratos mesmo, posados. Catherine Opie é mais radical. A começar de seu auto-retrato sadomasoquista, amarrada e cheia de marcas nos braços. Entra no terreno da aflição com o que relata em fotos de estúdio, com fundo morbidamente colorido e intenso: sadomasoquistas, esquisitos em geral e a impressionante fronteira do universo homossexual, uma ``transgender lesbian" (uma lésbica que aparenta ser um homem gay, de bigode e tudo). Mais leve, o fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans, 26, ganha status e põe o pé para fora da marginália. Acaba de lançar livro em três línguas em que mostra a cena européia underground. Tillmans relata desde as grandes passeatas de jovens em Berlim até a cena club e os frequentadores das festas em estilo rave. É Tillmans quem faz a ponte em direção à moda, assinando editoriais nas inglesas ``The Face" e ``i-D". Este mês, assina retratos da atriz Sadie Frost (``Drácula"), na americana ``Interview". Em direção ao marketing também alguns passos já acontecem. O clipe ``Sometimes Salvation", do grupo Black Crowes, traz a atriz Sofia Coppola em estilo editorial de moda, como uma jovem junkie, perdida. Já ``Protection", do Massive Attack, encena o melhor da desolação londrina, com a cantora Tracey Thorn. Mas quem faz dinheiro com isso é o midas Calvin Klein. Para a campanha do perfume cK One mostra esse outro lado da juventude americana. Que, como já notou um de seus críticos, tem cara de quem não toma banho. Texto Anterior: Nathalie explora as ambiguidades Próximo Texto: Mercado Mix reúne os tops da moda underground de São Paulo Índice |
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