São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Desemprego na Argentina deve chegar a 14% em maio

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O índice projetado de desemprego atingiu índice recorde na Argentina no mês das eleições presidenciais, registrando 14%.
São mais de 3 milhões de desempregados e subocupados, de acordo com estimativa do Indec (Instituto de Estudos e Censo), ligado ao Ministério da Economia.
Esta taxa é significativa porque a população do país é de 32 milhões de habitantes. O índice de desemprego atinge, pelo menos, 10% da população do país.
A UIA (União Industrial Argentina) revela que 250 mil jovens ingressam anualmente no mercado de trabalho. Por isso mesmo, será difícil reduzir a curto prazo o índice de desemprego.
O próprio presidente Carlos Menem busca desacreditar os dados do Indec. Afirma que são apenas 1,5 milhão de desempregados.
Ele não leva em conta, entretanto, que toda taxa de desemprego também inclui subocupação.
A subocupação se tornou um fenômeno tradicional do governo Menem. É a situação dos trabalhadores sem ocupação fixa, que se dedicam à prestação de serviços de baixa remuneração ou só encontram emprego em determinadas épocas do ano.
O desemprego é maior no interior do país, devido ao fechamento de fábricas, falta de financiamento para produtores rurais e demissões no serviço público.
A meta de Menem, em um eventual segundo mandato, de criar 350 mil empregos ao ano para levar a taxa atual de desemprego para 5% em 1999 é criticada pela oposição.
Roberto Lavagna, o principal assessor econômico do candidato da Frepaso e ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior do governo Alfonsín, disse em entrevista à Folha que considera a proposta menemista ficção.
O principal fator de desemprego na Argentina é a falência de pequenas e médias empresas, mais de 50 mil nos últimos dois anos, pela dificuldade de crédito junto ao sistema bancário.
Com a crise de insolvência (incapacidade de pagar os compromissos em dia) do sistema financeiro, após a desvalorização do peso mexicano, o crédito para as pequenas e médias empresas praticamente foi eliminado.
Menem está adiando a reforma do sistema financeiro. Já na próxima semana, caso não haja segundo turno entre ele e José Octavio Bordón, da Frepaso, o Banco Central iniciará processo definitivo de fusão e fechamento de cerca de 40 bancos do país.
Por enquanto, estas entidades funcionam com problemas, com limites às retiradas de dinheiro de seus clientes.
Os bancos provinciais, equivalentes argentinos aos bancos estaduais brasileiros, também começaram a ser vendidos desde o começo deste ano.

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