São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Os saudosistas da "guerra suja"

ERASMO DIAS

Os saudosistas da ``guerra suja"
Não há movimento para indenizar as famílias dos assassinados pela malta comunista-esquerdista
É fato notório que, durante o ``regime militar", no dizer dos detratores e inimigos do regime de então, desenvolveu-se uma verdadeira guerra cruenta alicerçada na filosofia marxista-leninista do ``direito de luta armada" pelos ``oprimidos", que teve como ditame inexorável a famigerada doutrina de que não ``assassinavam, faziam justiça", que não ``roubavam, e sim expropriavam"!
Fazer face a esse sectarismo fanático e ideológico custou muito caro àqueles que tinham como dever e obrigação manter a segurança, a ordem constituída e o respeito às normas vigentes e, particularmente, o patrimônio e a vida de terceiros, não raro inocentes ``justiçados" e assassinados, ``expropriados" e roubados, por essa espúria e ignominiosa guerrilha urbana, que se desenvolveu nos centros urbanos e mesmo se estendeu ao Vale do Ribeira e ao Araguaia!
Tentativa frustrada e infeliz da esquerda armada modelada nos Montoneros e Tupamaros, inclusive integrada por jovens iludidos, velhos carcomidos, todos na percepção falsa do terrorismo leninista implacável, tentando inverter e subverter o regime, alimentados pela inteligência esquerdista que servia de pano de fundo!
Nessa luta desigual, em que toda a ação nefasta partiu dessa esquerda violenta, coube ao regime responder em certos momentos no mesmo grau! Centenas de inocentes e de defensores do regime, por dever e obrigação, perderam a vida, não raro de forma estúpida e desumana, como os casos do capitão Chandler, do tenente Mendes e do delegado Godinho, apenas para citar alguns.
Surgem agora saudosistas dessa luta triste, pretendendo reviver essa página negra da história por eles escrita e, inclusive, pretendendo que o governo reconheça ``desaparecidos políticos", inclusive pleiteando ``indenizações"!
As famílias desses tidos como ``desaparecidos políticos" merecem o mesmo respeito das famílias dos ``assassinados a título de se fazer justiça", considerando-se que esses últimos cumpriam seu dever inequívoco de garantir a segurança e a vida de cidadãos ameaçados e postos em risco pela sanha criminógena e fanática da mesma caterva dos tidos como ``desaparecidos".
Não me consta nenhum movimento para indenizar as famílias dos assassinados pela malta comunista-esquerdista!
Seria, portanto, uma visão unilateral do problema, particularmente considerando-se que a ``guerra suja", como outras ``guerras", tem seus ônus que infelizmente não se assentam em princípios humanos e cristãos que todos gostaríamos de reverenciar.

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