São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mãe e filha dividem mesma turma e paqueram juntas

Psicanalista diz que 'alguma inveja e disputa' são saudáveis

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de serem unânimes ao afirmar que não perdoariam a traição das mães, filhas de mulheres jovens e atraentes garantem que acham 'divertido' quando as mães são mais paqueradas do que elas.
A estudante Kelly Cristina dos Santos, 19, por exemplo, diz que não se incomoda quando os amigos elogiam a beleza da mãe -a produtora de eventos Janete, 36- mas diz que não suportaria ser trocada por ela.
"Traição de amiga já é difícil de engolir. De mãe é imperdoável, não tem desculpas", diz a estudante.
A analista de sistemas Luiza Nogueira, 46, já se relacionou com homens da idade de sua filha, Gabriela, 24, estudante de jornalismo. "Mas nunca disputaria alguém com ela. Mesmo que estivesse muito apaixonada."
Luiza se dá muito bem com os amigos da filha e acha que isso só traz benefícios ao relacionamento das duas.
A Gabriela foi morar em Portugal e eu continuo encontrando os amigos dela. Eles também são 'minha turma' e ajudam a amenizar a falta que minha filha faz."
Segundo o psicanalista Mauro Moore Madureira, 56, a competição entre mãe e filha é normal, desde que não haja "hostilidade" entre as duas.
"Uma certa inveja é saudável. Por exemplo: se uma mãe de 38 anos é magrinha e bonita e a filha de 19 está meio fora de forma, acho positivo que a filha entre numa dieta ou faça regime para competir com a mãe."
O que é nocivo, para Madureira, é a inveja mórbida ou patológica. "A competição entre mãe e filha só vira um mal se a 'perdedora' se tornar hostil ou mal-humorada', explica.
Madureira diz que é muito comum adolescentes terem inveja de mãe bonita.
"Se elas aprendem e imitam o charme da mãe, tudo bem. O que não pode acontecer é a filha virar uma 'intelectual' ou ficar desleixada só para não ter que competir com a mãe."
Kelly diz que, quando a mãe sai arrumada, ela capricha na hora de se vestir.
"Acho legal quando as pessoas olham para nós duas. E morro de rir quando ela recebe uma cantada e nem olham para mim. Somos companheiras, como duas amigas de verdade."
As estudantes Marcela Lucato, 17, e Andréa, 20, também vêem a mãe, Rose Lucato, 39, como companheira.
"Saímos juntas para várias baladas, principalmente festas e barzinhos. Às vezes, somos paqueradas as três de uma só vez. Quando conmtamos que a Rose é a mãe e não irmã, os homens morrem de susto. Depois, acham graça."
Para Marcela, o melhor de ter uma mãe jovem é poder se abrir e contar tudo. "Ela é amiga quando preciso, usamos as mesmas roupas e conto quase tudo."
Apesar da amizade, Marcela garante que não sente falta da proteção da mãe.
"Apesar de sermos bem próximas, quando tem que dar bronca ela não pensa duas vezes. E sempre ajuda quando precisamos", diz Marcela.

Texto Anterior: 'Perdi o namorado para a minha mãe'
Próximo Texto: Planejam meu futuro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.