São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Juro real cai, mas continua sendo a melhor alternativa

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os juros reais (acima da inflação) recuaram em abril e podem cair mais. A maioria dos analistas, entretanto, ainda aponta as aplicações de renda fixa como a melhor alternativa de investimento.
Na comparação do IGP (Índice Geral de Preços) da Fundação Getúlio Vargas com o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), juro praticado entre os próprios bancos, a taxa real no primeiro trimestre foi de 2,23% ao mês, ou 30,30% ao ano. Em abril ficou em 1,95% (26% ao ano).
A diferença se estreitou porque o Banco Central mantém estáveis as taxas praticadas no dia a dia (over de títulos públicos), apesar do avanço da inflação. A evolução média dos preços subiu do patamar de 1,50% no primeiro trimestre para o de 2,50% em abril.
É esperada queda dos juros do CDI em junho e julho. Em 3 de maio, o mercado futuro projetava taxas efetivas de 4,44% e 4,55%, respectivamente. Na última semana houve recuo para 4%.
``Resta saber se o Banco Central vai sancionar essas taxas", diz Alexandre Zakia, administrador de recursos de terceiros do banco BBA Creditanstalt.
Mesmo com juros de 4% e inflação de 2,50%, os juros reais seriam de 1,46% ao mês, ou 19% ao ano, taxa ainda muito atraente.
O consultor Paulo Possas, da PJ Possas Gestão de Patrimônio, entende que os juros tendem a cair na direção de 1% real ao mês.
Como fatores que reverteram as expectativas pessimistas do primeiro trimestre, analistas apontam para certa calmaria com a crise mexicana, a queda dos juros externos, a recuperação das cotações de títulos brasileiros lá fora e o avanço das reformas constitucionais.
A volta de superávits no movimento de câmbio (não só o comercial, mas também o financeiro), talvez o fator positivo mais importante, descarta nova puxada brusca no dólar e ajuda a queda dos juros.
O repique da inflação neste período do ano era esperado pelos analistas. Mas pesquisas da Fipe e da FGV mostram que a tendência não é de alta persistente.
O IPC da Fipe recuou na 1ª quadrissemana de maio (2,30%) em relação a abril (2,64%). O IPA (preços no atacado) da FGV voltou a ser negativo, apurou a 1ª prévia do IGP-M de maio.
A conjuntura econômica mais otimista fez com que as Bolsas voltassem a se encaixar no leque de opções sugeridas por analistas até mesmo a médios investidores.
Só que esta aplicação deve fazer parte de uma estratégia de diversificação, com vistas ao médio e longo prazos. Quem se dispõe a correr algum risco -inerente às Bolsas- deve destinar a este mercado, de preferência aos fundos, só parte do dinheiro disponível.
Possas e Zakia falam que de 20% a 30% das disponibilidades poderiam ser dirigidas às ações.
Para quem vai formar uma carteira individual, Possas indica ações de segunda e terceira linhas. São papéis de empresas privadas, menos conhecidas que as de primeira linha, estatais, como Telebrás, Eletrobrás e Petrobrás.
Novo teste para as Bolsas ocorrerá hoje, com a eleição argentina. Se o atual presidente Carlos Menem não se reeleger no primeiro turno, o mercado acionário deverá enfrentar nova fase de turbulência, concordam Zakia e Possas.

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