São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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'Divino Codino'

SILVIO LANCELLOTTI

SÍLVIO LANCELLOTTI
Mais do que a decisão do Italiano 94/95, hoje interessa à Velha Bota o futuro do astro maior da sua seleção, Roberto Baggio. permanecerá o ``Divino Codino" na Juventus de Turim ou se transferirá a uma outra agremiação?
A pergunta só terá resposta em 30 de junho, quando se encerra o contrato de Roby com a Juve. Um contrato inaugurado em julho de 1990, por cerca de US$ 140 mil ao mês, e depois estendido, em julho de 1992, a cerca de US$ 170 mil.
Muito dinheiro, mesmo na Itália. Por lá, no entanto, a lei das transferências é uma arma de efetivos múltiplos gumes. No dia 1º julho, Roby não mais precisará se reportar ao endereço da ``Signora", na Piazza Crimea, número 7. Em contrapartida, se não quiser continuar na Juve, dificilmente achará outro clube à disposição.
É simplérrima de se entender a situação do ``Codino". Na Bota, um atleta fica livre para se transferir ao final de cada contrato. O clube interessado, porém, tem de pagar uma compensação em grana ao patrão anterior. Compensação diretissimamente proporcional aos ganhos brutos do jogador.
Uma tabela de razoável complexidade estabelece os parâmetros de tal compensação. Tudo depende da idade do atleta, do investimento do patrão anterior, da duração do contrato que expira -e dos ganhos brutos do jogador.
Resumindo, caso Baggio tencione sair da Juventus, não haverá a sua frente impedimento nenhum, além, claro, de uma cordilheira de dinheiro. O clube que desejar capturá-lo necessitará bancar uma compensação de US$ 13 milhões.
Pior, das equipes do exterior o governo da Itália cobra um imposto ao redor de 90% do global da transação. Baggio passa a valer perto de US$ 25 milhões. Sem que se inclua nesse montante, obviamente, seu salário de jogador.
Que equipe no planeta, atualmente, ostenta um caixa tão generoso? Através de Cruyff, o Barcelona da Espanha já contatou o ``Codino". O Barça, todavia, deve ao fisco de sua terra o absurdo de US$ 56 milhões. A Internazionale de Milão já insinuou à Juve a possibilidade de ceder, como parte do preço, o líbero Bia (US$ 2 milhões) e o tornante Berti, de seleção (US$ 5 milhões).
De onde, entretanto, a Inter sacará o restante da grana ? Moral da história: Baggio ganhou muito dinheiro e se entalou na ``Senhora". Consciente do impasse, num papo via telefone, observou à Folha: ``Só me resta esperar. Com o máximo de calma. Pena que tudo isso aconteça na semana de festa de um ano de Mattia, o meu segundo filho. Furioso com o meu desalento está ele, não eu".

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