São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995 |
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Menem vence pelo que fez, diz coordenador
SÔNIA MOSSRI
Alberto Koham, coordenador da campanha menemista, explica a estratégia: ``Menem vai ganhar não pelo que promete, mas pelo que fez". Em entrevista à Folha, o secretário-geral do Partido Justicialista e futuro chefe de gabinete de um eventual novo governo Menem, reconhece que o principal fator de atração de votos ao atual presidente é a derrota da hiperinflação. Ele diz que a propaganda institucional do governo Menem ganhou mais espaço recentemente porque ``aumentaram muitas as obras que estão terminando". Leia a seguir, os principais trechos da entrevista. Folha - Não está ocorrendo o uso da máquina do governo Menem para reelegê-lo, com uma multiplicidade de propaganda na televisão e no rádio? Alberto Koham - Eu creio que não. Se um governo faz coisas, tem a obrigação de fazer com que as pessoas também saibam disto. Folha - É coincidência o aumento da publicidade às vésperas das eleições? Koham - Aumentaram muito as obras que estão terminando. Há seis anos estamos trabalhando para terminar as coisas. O que não se pode fazer é mentir. Folha - O governo apelou para Menem ou para o caos nos últimos dias de campanha para minimizar os custos sociais do programa de estabilização? Koham - Um dos valores mais importantes é a estabilidade. Durante muitos anos, um dos problemas mais sérios que a Argentina teve foi a hiperinflação. O governo Carlos Menem derrotou a inflação, mas isto tem custos. Passamos de uma economia onde tudo estava nas mãos do Estado a uma economia em que os serviços funcionam nas mãos do setor privado. Isto trouxe desemprego, nos preocupa muito. Menem se comprometeu a reduzir a taxa para 5% em 1999. Creio que o povo, em 14 de maio, vai confiar que ele também pode fazer isto. Ele vai ganhar não pelo que promete, mas pelo que fez. Folha - Menem tomou a decisão de não participar de debates por temer discutir pontos polêmicos do seu governo? Koham - Não é seu estilo. Não participou de debates na campanha de 1989. Ele prefere demonstrar que segue governando. Folha - Muitos institutos de pesquisa apontam a possibilidade de um segundo turno entre Menem e José Octavio Bordón. O Partido Justicialista já está se preparando para isto? Koham - Menem vai ganhar no primeiro turno, como pelo pelos 45% dos votos válidos e com uma diferença de 15% em relação ao segundo colocado. Folha - Bordón não tira votos do Justicialismo, uma vez que é um ex-membro do partido? Koham - Eu creio que não. Acho que está retirando votos do radicalismo. Folha - Muitos bancos estão abertos sem poder pagar as aplicações dos clientes. A reforma não foi adiada por causa das eleições? Koham - Eu diria que um governo sabe o tempo em que tem que manejar as coisas. Folha - Bordón acusa Menem de fazer uma ``campanha milionária" de US$ 80 milhões. Koham - Eu acho que são duas coisas diferentes. Bordón não deve ter dinheiro para a campanha porque seguramente ninguém gasta dinheiro com perdedor. Folha - O governo Menem teve muitos escândalos de corrupção. Apesar disso, o assunto não é explorado pelos adversários. Koham - Uma coisa é a verdade pública e outra coisa é a verdade publicada. Houve muita publicidade sobre supostos casos do que fatos reais. Texto Anterior: Menem chega favorito à eleição argentina Próximo Texto: Mais ricos e mais pobres votam em Menem Índice |
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