São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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minha beleza imortal

DO "EL PAÍS"

tradução Ana Ban
Linda aos 42 anos, Isabella Rossellini encarna a melhor amiga de Beethoven no filme "Minha Amada Imortal", em cartaz nos cinemas de São Paulo. Fora das telas, também faz par com o inglês Gary Oldman, que interpreta o compositor alemão.
Ex-símbolo da Lancôme, foi dispensada pela marca de cosméticos em função de sua idade e agora desenvolve produtos para uma concorrente. A misteriosa de "Veludo Azul" fala de vida afetiva, moda e indústria de beleza, mas evita comentários sobre os pais -a atriz sueca Ingrid Bergman e cineasta italiano Roberto Rossellini

- Tanto sua carreira de modelo quanto a de atriz começaram tarde, aos 30 anos. Por quê?
- Trabalhei como jornalista para a TV italiana por sete anos. Quando minha equipe se separou, eu já tinha propostas para desfilar como modelo. Então me decidi. Não sei bem por que comecei tão tarde, talvez fosse uma forma de rebeldia, reação ao fato de minha mãe ser atriz e meu pai diretor de cinema.
- Seu filho menor, adotado, se chama Roberto, como seu pai. E a sua filha de 11 anos, Elettra. Não passou pela sua cabeça chamá-la Ingrid?
- O nome dela é Elettra Ingrid. Elettra era o nome da minha avó.
Quando ela nasceu, minha mãe tinha acabado de morrer. Se eu tivesse uma filha agora, seguramente a chamaria de Ingrid.
- Filhos de famosos sempre reclamam do peso do sobrenome. Não deveria ser uma vantagem?
- Nos Estados Unidos, ninguém arrisca seus dólares por um sobrenome. Nunca me deram um trabalho apenas por eu ser Isabella Rossellini. Já na Itália, ter um sobrenome famoso é útil.
- O que há em comum entre o trabalho de modelo e o de atriz?
- Na passarela não há diálogo, mas a linguagem do corpo é igual.
O trabalho de modelo é divertido para uma atriz, porque é preciso ter uma boa relação com a câmera fotográfica e saber se movimentar.
- Na passarela o papel parece ser sempre o mesmo.
- É verdade. Nos filmes, os papéis são diferentes, sempre mais dramáticos, mais profundos. Na passarela, o papel é de "femme fatale" ou de menina. Não há drama.
- Talvez o drama esteja nos bastidores, na competição.
- Não acredite que este seja um mundo especialmente competitivo. As modelos estão à mercê dos fotógrafos. O que realmente importa é quem faz as fotos e as revistas em que elas aparecem.
- As atrizes de Hollywood se queixam de que não há papéis interessantes para mulheres com mais de 40. O que você pensa sobre isso?
- É muito difícil me comparar às atrizes de Hollywood. Sou italiana, tenho sotaque.
- Você foi afastada pela Lancôme depois de anunciar os cosméticos da empresa por 14 anos. A indústria não aceita que uma mulher seja o emblema da beleza depois dos 40?
- É uma tradição. A Lancôme deveria ter encontrado um outro papel para mim, eu poderia, por exemplo, montar uma linha de cosméticos, apesar de o meu rosto ter sido substituído na publicidade. Fui contratada pela Lancaster, outra empresa de cosméticos francesa. Sou a nova vice-presidente e quero desenvolver produtos.
- Você acha que as mulheres se tornam escravas da aparência por causa da publicidade?
- Sou contra aquele tipo de publicidade que leva a beleza muito a sério. Beleza e moda têm que ser uma diversão. Sou contra aquilo que pretenda disfarçar a idade.
- Durante as filmagens de "Minha Amada Imortal" você conheceu Gary Oldman, seu atual companheiro. Ele pode ser seu "amor imortal"?
- Sempre tive a esperança de encontrar o amor imortal, mas acreditar de verdade nisso, não sei...
- Gary Oldman é o seu quarto companheiro. Formalizar a relação faz alguma diferença?
- Não vejo nada especialmente romântico em casar.
- Nem com Gary Oldman?
- A imprensa inventou que íamos casar quando estávamos filmando em Praga. Nunca disse que havia data marcada ou algo do tipo. Como é possível casar em duas semanas? É um absurdo.

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