São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Tony diz que só é gordo porque quer

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Um aviso aos que acham que o ator Tony Ramos, 46, ficou desleixado e engordou de vez, abandonando sua estética de galã: os cinco quilos a mais -visíveis na telinha- são propositais.
Tony está com aspecto ``largadão" para viver o Juca da novela das oito da Rede Globo ``A Próxima Vítima" -dono de uma barraca de frutas e verduras do mercado central de São Paulo.
Ele tem sido cobrado por amigos e fãs pela gordura, mas não quer saber de dieta. Coisa de ator perfeccionista que faz novelas há 31 anos.
``Sou ator, não estou fazendo isso de brincadeira", diz. ``O cabelo meio decomposto, sem preocupação estética, é para sujar um pouco aquela figura com a qual a população estava acostumada."
A idéia do Tony gordinho partiu do autor da novela, Silvio de Abreu, que chegou a pensar em emagrecer o personagem assim que ele se apaixonasse e equilibrasse sua vida emocional.
Mas o projeto pode ser adiado diante de pesquisas que indicaram a boa aceitação de Juca junto ao telespectador. Tony, porém, não quer saber do que vem por aí.
Uma das coisas que ele aprecia em uma novela é o fato de ela ser uma obra aberta, que muda de acordo com a resposta do público. ``Gosto da surpresa, isso me desperta a criatividade."
Tony se entusiasma quando fala de novelas. Sua história como ator de teledramaturgia se confunde com a própria história da novela, que foi ao ar pela primeira vez em 63.
Ele começou como ator aos 14, quando estreou na extinta TV Tupi de São Paulo, em 64, fazendo o personagem Vevé da novela ``A Outra", de Walter George Durst.
Tony foi descoberto ao interpretar ao vivo um pequeno texto no programa da Tupi paulista ``Novos em Foco", de Ribeiro Filho, dedicado a revelar novos talentos.
Realizava assim seu sonho infantil de virar ator, que nasceu com os filmes do comediante Oscarito. ``É o meu grande ídolo. Eu sonhava: um dia vou ser como o Oscarito."
O ator já fez muito teatro (``Quando as Máquinas Param", de Plínio Marcos, e ``O Pagador de Promessa", de Dias Gomes, entre outras) e um pouco de cinema, como o filme ``Leila Diniz", de Luiz Carlos Lacerda.
Mas sua carreira se fez mesmo nas novelas -ela já atuou em 35.
Após tanto tempo atuando, ele ri quando questionado sobre a suposta crise do gênero.
``Sempre ouço histórias de crise em novelas e fico em silêncio com essa discussão enlouquecida. Já passei por isso, já vi esse filme", diz.
Para ele, não há crise ou desgaste do gênero quando um bom texto vai ao ar bem dirigido. ``Novela é uma história bem contada e ponto final. Tem que ter amor, paixão e suspense."

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