São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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BC emite de novo para socorrer Banespa

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

BC emite de novo para socorrer Banespa
O aperto no crédito promovido pelo governo em abril complicou ainda mais a crise financeira do Banespa. O BC (Banco Central) foi obrigado a emitir R$ 1 bilhão no mês passado para socorrer o banco oficial paulista.
Este foi o valor médio dos empréstimos diários tomados pelo Banespa junto à linha de socorro financeiro do BC, chamada de redesconto. O Banespa respondeu por mais de 90% das operações de redesconto do BC, em abril.
Como o banco não conseguiu pagar em abril sua dívida no redesconto, os empréstimos foram considerados emissão de moeda pelo BC.
Somente nas duas últimas semanas o Banespa conseguiu abater parte de sua dívida junto à linha de assistência financeira do BC.
Segundo a Folha apurou, os empréstimos que o Banespa passou a tomar junto ao BC, em maio, variam entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, dependendo do dia.
A redução foi possibilitada quando os jornais noticiaram que o Banespa e outros bancos sob intervenção estavam isentos dos recolhimentos compulsórios de recursos, impostos pelo BC aos demais bancos.
A informação deu mais tranquilidade ao mercado para financiar o Banespa. Recebendo empréstimos mais baratos dos bancos, o Banespa pôde abrir mão de parte do socorro do BC.
O Banespa está sendo administrado por um grupo de interventores do BC desde dezembro do ano passado, quando chegou ao auge de sua crise financeira.
O presidente do BC, Pérsio Arida, quer a privatização do banco, mas não tem o aval do presidente Fernando Henrique.
A indefinição tem prejudicado o trabalho dos interventores. Até agora, o comando do Banespa não sabe se publicará o balanço do banco acusando patrimônio negativo -o que forçaria sua venda imediata- ou positivo.
A lei permite ao Banespa contabilizar seus créditos de R$ 10 bilhões junto ao Estado de São Paulo como normais -no ativo do banco- ou como de recebimento difícil, porque já estão atrasados. Neste caso, o banco estaria quebrado.

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