São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pequenos crescem no setor de sorvetes

SYDNEY MANZIONE JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Até recentemente, o mercado de sorvetes era sinônimo de Kibon, Yopa e Gelato (agora Yopa). Os grandes repartiam o mercado quase hegemonicamente, deixando pouco espaço para as marcas pequenas.
Há cerca de dois anos e, mais acentuadamente, da metade de 1994 para cá, essas ``pequenas" marcas começam a apresentar crescimento acentuado gerando participações que beiram um quarto do mercado.
Que marcas são essas? Quem está por trás delas? Inexistem, na verdade, grandes marcas ou grandes grupos de destaque sob sua administração. Mais do que isso, não são marcas individualmente expressivas, nem com atuação nacional. São produtos regionais, localizados em Estados ou grupo de municípios.
Por vezes, surgem em determinado período do ano, desaparecendo logo a seguir. Como exemplo, pode-se citar, dentre uma infinidade de marcas, Disfrut, Luigi, Tarumã, Oba, como as mais conhecidas.
Essa movimentação do mercado, longe de ocorrer por falta de atuação ou displicência das grandes, é um fenômeno decorrente do elevado crescimento do mercado e da demanda. Criam ``espaços" que são ocupados por marcas que têm distribuição localizada e ``pronta", além de preços baixos.
Os volumes de vendas das grandes não é afetado por esse movimento. O que parece ocorrer é aumento de demanda dessas marcas pequenas -ou ao contrário, as vendas das pequenos possibilitou esse aumento, considerando, sobretudo, que se trata de marcas de preço baixo.
Ocorre principalmente no chamado segmento ``doméstico", ou seja, aquele grupo de produtos comprados para serem consumidos em casa (potes, tijolos, tortas...). Esse crescimento das pequenas vem sendo registrado, inclusive, em alguns grandes supermercados que, com certeza, ajudam a fazer o bolo crescer.
Em geral, as marcas que apresentaram crescimento, não têm fôlego para melhorarem seu desempenho, uma vez que a operação no ramo de sorvetes requer estrutura sofisticada de distribuição e logística -que compreendem fábricas vizinhas, caminhões frigoríficos e depósitos refrigerados.
Esse movimento atesta que o conceito de supérfluo é, no mínimo, questionável. Se sobra dinheiro, o consumidor vai às compras -se necessário, recorre a produtos de qualidade duvidosa.

Texto Anterior: Loducca, jurado em Cannes, enfrenta momento de decisão
Próximo Texto: Mercosul gera receita de até US$ 500 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.