São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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São Paulo é, agora, candidato ao título

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O tricolor penou para fazer 1 a 0 no União, com um gol de pênalti cavado por Palhinha (não foi falta) e convertido pelo artilheiro Bentinho. E penou só porque o adversário fechou-se monoliticamente em sua defesa, mas, sobretudo, porque insistiu demais em atacar pelo meio, onde o congestionamento de inimigos era insuperável. Em todo caso, o São Paulo foi melhor, criou as chances mais agudas de gol e deu fortes sinais de que, dedicado exclusivamente ao Paulistão, agora, apresenta-se como sério candidato ao título.
Principalmente, depois de voltar a contar com André na lateral, por onde flutuaram muitas improvisações inócuas.
Mas essa é uma história que só começará quando o campeonato iniciar de verdade.
No sábado, o Corinthians conseguiu resistir ao assédio do Bragantino durante todo o primeiro tempo. Houve até bola na trave de Ricardo Pinto, que, aliás, substituiu o eterno titular, Ronaldo, com perícia e sorte.
Mas, no segundo, com a entrada de Elivelton no lugar de Marques, o Corinthians conseguiu ganhar o sentido de profundidade no seu ataque, de que tanto careceu no início, embora o gol da vitória, de Tupã -sempre ele!-, não tivesse a participação do ponta.
O fato, porém, é que está virando uma constante: Elivelton entra e o time cresce. Como Eduardo vai resolver a questão, não sei. Mas, diz o velho ditado, que não se briga contra os fatos.
Começa pelo nome, um tributo ao mitológico senhor da leveza e da velocidade. Pois esses são os elementos que o Ajax domina com destreza desde sua ascensão à primeira linha do futebol mundial, no raiar dos anos 70, com Cruyff e seus maravilhosos parceiros da ciranda infernal que encantou o mundo na Copa de 74.
Ontem, diante do Volendam, o Ajax precisava de um empate para sagrar-se campeão holandês. Meteu 4 a 1 e jogou pela linha de fundo uma tonelada e meia de gols. Isso, dando-se ao luxo ainda de manter nas tribunas a figura já quase legendária de Reijkaard, um líbero-armador do porte de Franz Beckenbauer, e de substituir Overmars, uma das estrelas brancas da equipe, poupando-os para a decisão européia contra o Milan.
Acontece que o elenco é tão refinado que sai um, entra outro, e a bola segue rolando com fluência e rapidez, sempre em direção ao gol adversário. Eis o que faz do Ajax o time atual mais semelhante ao incomparável Santos de Pelé: essa natural tendência ofensiva, esse prazer indisfarçável pela busca do gol através de jogadas, sempre que possível, revestidas até de uma graciosa irresponsabilidade, desde que sofisticadas. Sim, porque o Ajax já entra em campo com a disposição de atacar: três zagueiros, três médios e quatro atacantes, quase todos -brancos e negros- forjados nas suas categorias inferiores, além dos africanos Finidi e Kanu. E ataca sem parar, combinando a simplicidade do passe de primeira, com lances individuais de colorida pirotecnia, o que dá ao espetáculo emoção e graça.
Ah, se `nosotros', macaquitos, resolvêssemos imitar essa moda...

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