São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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Des'ree diz que faz suas músicas com 'muita alma'

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois da conquistar Londres no ano passado, a cantora inglesa Des'ree se consolida como ``hype" nos Estados Unidos.
A cantora apareceu há quatro anos com o disco ``Mind Adventures", lançado apenas na Europa. Hoje, aos 26 anos, ela vê seu álbum ``I Ain't Moving" alcançar o quinto lugar na parada internacional da Bilboard e faz uma turnê junto com o cantor inglês Seal.
No Brasil ela ficou conhecida pelo videoclipe de ``Gotta Be", em que faz movimentos circulares com as mãos espalmadas durante toda a música.
Des'ree disse de Londres, em entrevista exclusiva à Folha, que seu estilo se chama ``acoustic soul" e que suas maiores influências musicais são Stevie Wonder, Sly Stone e Bob Marley.

Folha - Como vê sua carreira, depois de quatro anos?
Des'ree - Todo esse período foi um aprendizado do que é estar na estrada e ser uma compositora. Tive que assimilar a idéia de me relacionar com músicos, trabalhar com produtores e, principalmente, de superar a timidez. Sempre gostei de desafios.
Folha - Como você define a música que está fazendo?
Des'ree - Eu chamo de ``acoustic soul", porque são canções feitas com músicos ao vivo e cheias de alma. Eu nunca quis fazer uma música que esteja na moda, de que todos estejam falando, fico feliz por fazer algo diferente.
Folha - Como foi sua passagem da cena club para o pop?
Des'ree - Foi um trabalho de equipe. Se a gravadora não tivesse acreditado que meu disco poderia ir para as rádios, talvez eu estivesse tocando em clubes até hoje. Eles promoveram shows que aumentaram meu público de 100 para 1.000 pessoas. Quando todo mundo trabalha bastante e o disco é bom, as coisas vão para a frente. Foi isso que aconteceu com ``Gotta Be", as pessoas gostaram dele e ajudaram a levá-lo às paradas.
Folha - Qual é a diferença do disco ``I Ain't Moving" e de seu trabalho futuro?
Des'ree - Já faz quase dois anos que eu gravei o disco e as coisas mudaram muito para mim. As músicas que estou escrevendo refletem meu estado de espírito atual, mais maduro e sério. Acho que as próximas músicas serão uma espécie de continuação de meus dois discos anteriores, como se os três fossem um grande diário de minha vida. As letras estão mais ousadas.
Folha - Você gosta de ser vista como uma diva da música pop?
Des'ree - Diva? Não sei, tenho medo que esse conceito esteja associado a coisas negativas, a pessoas agressivas e exigentes. Não acho que tenha glamour suficiente para isso.
Folha - Você não se importa com moda?
Des'ree - Nunca me importei em seguir as tendências. Gosto de estilistas jovens, mais ousados, que ainda não são famosos. Acho que o trabalho da maioria deles não tem consistência. Mas acho que a moda é uma coisa que transmite idéias boas quando você não se torna dependente delas.
Folha - O que há, afinal, com suas mãos?
Folha - Não sei, não consigo explicar, elas têm vida própria! Elas vão e vêm e de repente páram. Eu não coreografo meus shows e nunca tinha notado que as pessoas prestavam atenção em minhas mãos. Quando me falaram, fiquei muito surpresa.
Folha - Você tem intenção de lançar remixes para as pistas?
Des'ree - Gosto muito de batidas eletrônicas e procuro estar conectada com o que toca nos clubes. O problema é que ainda não encontrei um produtor de remixes que tenha feeling de músico.

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