São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995
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Eleitor recorta voto para misturar partidos

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Os votos dos argentinos se transformaram ontem em ``eleições de tesouras", porque os eleitores puderam distribuir suas preferências eleitorais entre dois ou mais partidos -ao todo, 13 agremiações concorriam ao governo.
O eleitor pôde fazer a combinação que desejar nos seis conjuntos de cargos eletivos: presidente e vice-presidente, deputados federais, governador e vice, senadores estaduais, prefeitos e vereadores.
Assim, a maior parte dos eleitores usou tesouras para recortar as cédulas com os candidatos de cada partido que votaram nos diferentes cargos eletivos em disputa nas eleições de ontem.
Cada cédula partidária traz impressa os cargos em disputa.
O eleitor que não quiser todos os candidatos do mesmo partido pode recortar o de sua preferência. Em seguida, as cédulas são colocadas num único envelope, depositado na urna.
Muitos candidatos de distintos partidos chegaram a distribuir tesouras como peça principal da campanha eleitoral.
O ato de ``montar" o voto podia ser feito na casa do eleitor. Muitos, entretanto, acabaram fazendo isso dentro das cabines.
Este processo provocou imensas filas. O tempo médio de permanência de cada eleitor na cabine eleitoral foi estimado pela Justiça Eleitoral em dez minutos -o que não foi confirmado nem pelos principais políticos do país.
O presidente Menem levou 15 minutos para votar. O ministro Domingo Cavallo gastou quase uma hora. O ministro do Interior, Carlos Corach, responsável pela organização da eleição, também precisou de quinze minutos.
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) brasileiro, ministro Carlos Velloso, que se encontra em Buenos Aires como observador convidado pela Corte Suprema argentina, surpreendeu-se com o processo de votação.
Segundo ele, lembra o chamado ``voto marmita" brasileiro, que perdurou até a década de 50 -em que o eleitor pode levar o voto de casa.

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