São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995 |
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Queda da inflação elege mais um no continente
CLÓVIS ROSSI
O presidente Carlos Menem chegou ao poder, em 1989, com uma inflação média mensal de 410%. Em abril passado, a inflação foi de apenas 0,5%. Mais: a estabilização não foi acompanhada de recessão, muito ao contrário. A economia cresceu 34% desde 1991, o ano em que entra em vigor o plano que mantém o peso argentino equiparado rigorosamente ao dólar. Até o principal rival de Menem, José Octavio Bordón, reconheceu, durante a campanha: ``As pessoas estão muito felizes de ter estabilidade democrática e monetária". É claro que, como oposicionista, Bordón teria que acrescentar: ``Mas tem direito à esperança estabilidade com justiça e uma melhoria produtiva, social e educativa". O resultado eleitoral demonstra que a maioria relativa dos argentinos preferiu apostar em Menem para garantir não só a estabilidade como também as melhorias defendidas por Bordón. Até porque o presidente prometeu simplesmente ``exterminar" o desemprego (12,2% da força de trabalho) até a metade de seu segundo mandato, em 1997. Enquanto não o faz, o presidente recolhe também votos emprestados do prestígio de seu aliado Eduardo Duhalde, seu vice-presidente em 1989 e hoje governador da Província de Buenos Aires, a maior do país. Duhalde gasta cerca de US$ 2 milhões por dia para sustentar um esquema de ``assistencialismo intensivo", fora da receita econômica de Menem, como aponta José Maria Pasquini Durán, do jornal oposicionista ``Página 12". Foi na Província de Buenos Aires que ocorreram saques a supermercados e outros distúrbios, em 1989, que, no limite, levaram o então presidente Raúl Alfonsín a entregar o poder a Menem seis meses antes do previsto. A situação social continua sendo tão difícil (o comércio dispensa cinco empregados por dia, na média) que 80 mil pessoas dependem, para comer, das ``panelas populares" (ou o chamado ``sopão" dos pobres). Ajudou Menem, também o simples fato de ser presidente. Pesquisa da consultora Germano y Giacobbe mostra que, na mídia impressa, Menem foi citado, em abril, 14.555 vezes, quase o dobro das 7.353 menções a Bordón. Claro: Menem aparecia como candidato e também como governante. Sem contar o fato de que, na TV, a presença do presidente era ainda mais dominante. (CR) Texto Anterior: Eleitor recorta voto para misturar partidos Próximo Texto: Menem já estuda aumento de impostos Índice |
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