São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995 |
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Mais suspeitas Os indícios de irregularidades em declarações de Imposto de Renda, além da apreensão de um documento falso usado pela Esca -a empresa escolhida pelo governo para gerenciar o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam)-, vêm confirmar a suspeita de que as primeiras denúncias contra ela eram apenas a ponta de um iceberg de dúvidas quanto a fraudes e acordos feitos sem transparência, envolvendo o caríssimo projeto Sivam. A Esca, que já tinha sido acusada de fraudar a Previdência Social e de emitir uma falsa Certidão Negativa de Débito para comprovar que nada devia ao INSS, não teria pago Imposto de Renda desde 1991. Embora a empresa, no caso da falsificação, responsabilize um escritório de contabilidade -cujo nome ela não divulga-, é no mínimo preocupante que um contrato ao custo de US$ 120 milhões quase tenha sido fechado sem licitação e sem uma investigação aprofundada sobre a empresa. A Esca foi considerada pelo governo federal como idônea e de total confiança do Ministério da Aeronáutica. Diante das acusações, que contrariam essa avaliação tão positiva, a assinatura do contrato foi adiada. É de se esperar que a relação íntima existente, há anos, entre a empresa e o governo, e que permitiu à Esca a aquisição de tecnologia em grandes projetos na área de satélites e radares, não impeça o esclarecimento das suspeitas. Suspeitas que, aliás, envolvem também a companhia americana Raytheon, que teria sido contratada em decorrência de pressões dos EUA. Nunca é demais lembrar que há nebulosidade demais em torno de um projeto orçado em US$ 1,4 bilhão de recursos dos contribuintes. Com uma cifra dessa dimensão em jogo, para dissipar as dúvidas, valeria até mesmo anular o que foi feito e começar tudo de novo, com uma licitação, limpa e transparente. Texto Anterior: Pensando as privatizações Próximo Texto: De âncora a bumerangue Índice |
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