São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 1995 |
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Haja competência!
MARCELO BERABA SÃO PAULO - O novo Congresso padece dos mesmos problemas do antigo. E começa a viver os mesmos desgastes.Apenas três meses depois de empossados -e pouco mais de sete de eleitos-, quase 20 deputados federais e senadores já mudaram de partido. Coincidentemente, a maioria foi para o partido do presidente, o PSDB. É difícil imaginar mudanças ideológicas ou programáticas tão profundas em tão pouco tempo que justifiquem tanta infidelidade. O nome do fenômeno é oportunismo. Que se casa com o fisiologismo, é claro. Fisiologismo e oportunismo continuam a fazer parte do modo de vida de um parlamentar típico. Já não têm, para muitos, qualquer conotação negativa. Veja a análise serena que o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, fez em Paris, no início da semana, sobre a situação política de um governo que, segunda suas contas, dispõe do apoio de cerca de 350 deputados: ``Falta só consolidar essa maioria com um entendimento maior entre os partidos". Para o deputado, um empecilho para esse entendimento é a demora no preenchimento de cargos federais. Este é um consenso entre os parlamentares que apóiam o governo e é repetido com a maior tranquilidade: o governo precisa distribuir os cargos para obter apoio sólido. Caso contrário, continuará refém dos ânimos. O bom parlamentar, portanto, é aquele que sabe bem administrar suas fidelidades passageiras. Esses são apontados como competentes. A ação parlamentar propriamente dita nem sempre exige competência. Não houve um só parlamentar capaz de pescar na emenda do gás canalizado o artiguinho que favorecia a OAS e a BR (Petrobrás Distribuidora). Nenhunzinho. Mas isso não parece relevante. Afinal, a competência está exaustivamente comprovada em outras áreas de ação. Às já citadas deve-se acrescentar uma, para que não se cometa injustiça: a de comunicações. A bancada de donos de concessões de rádios e TVs no Congresso é formada por 83 deputados federais e 14 senadores. É uma boa bancada. Eta povinho competente! Texto Anterior: De âncora a bumerangue Próximo Texto: A Justiça é cega? Índice |
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