São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Comissão marca atos de protesto em todo o país

DA REPORTAGEM LOCAL

A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, independentemente do que decida o governo, marcou para a última semana de maio uma série de manifestações para que o governo federal reconheça oficialmente que os desaparecidos estão mortos.
Os protestos serão realizados nas principais cidades brasileiras. A mais importante deverá ocorrer em Brasília.
No mês passado, Pierre Sané, secretário-geral da Anistia Internacional, disse ter ouvido de FHC que ele nada poderia fazer pelos desaparecidos por se tratar de um tema delicado.
Em nota oficial, FHC negou que tivesse dito isso.
Desde sua posse, em janeiro, FHC tem recebido apelos para se reunir com familiares dos desaparecidos. Até agora, não respondeu. No mês passado, mais uma carta foi enviada ao presidente.
Suzana Lisboa, da Comissão de Familiares, diz que não desistirá. ``O resgate dos nossos familiares é o resgate da história de nosso país e é o resgate da história do atual presidente", afirma ela na nova carta enviada a FHC.
Os familiares de desaparecidos estranham a resistência de FHC. É que ele também foi perseguido no regime militar, a ponto de se exilar no Chile. Na campanha eleitoral, ele havia prometido legalizar a situação dos desaparecidos.
Entidades internacionais serão convocadas para participar da semana de protestos pelo reconhecimento legal dos desaparecidos.
Uma delas é a Federação de Desaparecidos na América Latina, que tem sede em Caracas (Venezuela). A Anistia Internacional também participará.
Em São Paulo, as atividades prosseguirão durante o mês de junho. No dia 5, estréia no Espaço Banco Nacional (rua Augusta, região central de São Paulo) o filme ``Vala Comum", de João Godoy.
Trata-se de um documentário sobre uma vala clandestina localizada em 1990 no Cemitério de Perus, em São Paulo, com mais de mil ossadas, muitas delas de desaparecidos políticos.
Coronel
Entidades de defesa de direitos humanos estão pedindo ao governo o afastamento do coronel Armando Avólio Filho do cargo de adido militar da embaixada do Brasil em Londres.
Apontado como torturador no livro ``Brasil; Nunca Mais", Avólio foi nomeado adido em maio de 1994, no governo Itamar Franco.

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