São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995 |
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Simonsen defende livre negociação salarial
JOSÉ ROBERTO CAMPOS
Para Simonsen, um dos debatedores de ontem do sétimo Fórum Nacional, no Rio, o fim da atualização automática a partir de julho ``não deverá ter grande efeito". ``Mesmo que o governo conseguisse baixar a inflação para 3% ou 4% ao ano, a memória da inflação passada não se apagaria." A existência de uma data-base a cada ano, segundo Simonsen, ``é um convite à indexação". A Justiça do Trabalho, por outro lado, tenderia ``por tradição" a arbitrar reajustes com base em algum índice de preços. Além disso, dado o crescimento acelerado da demanda, ``os empregadores não resistem a reajustar salários pelo aumento do custo de vida". ``Mesmo assim", afirma o ex-ministro, ``a desregulamentação da correção salarial é aconselhável, para dar mais flexibilidade ao funcionamento dos mercados". Simonsen acha que o governo deveria continuar mantendo a proibição de cláusulas de correção em contratos com prazo inferiores a um ano e não interferir no resto -com exceção da TR, que para ele não poderia ser abandonada pois inviabilizaria o funcionamento do sistema financeiro. ``O grande motor da inflação inercial não é a indexação livremente pactuada pelo setor privado, mas a forçada pelo governo", ressaltou. A crise do México fulminou a possibilidade de apoiar o plano em uma ``âncora cambial", disse o ex-ministro. A lição da crise é que déficits superiores a 2% do Produto Interno Bruto não são sustentáveis por muito tempo. Mas para ele, ``não há razão para supor que o Plano Real fracassou com a perda da âncora cambial. O necessário é reforçar as duas âncoras básicas de qualquer programa de estabilização, a fiscal e a monetária". O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore acredita que a política fiscal não está sendo acionada com o devido rigor e, por isso, a atual política de juros altos e aperto monetário pode ser ``muito ineficaz e custosa". ``Ela tem de ser usada com bases corretas porque não é sustentável por muito tempo. Ou o governo recupera o controle da política fiscal ou isto lhe trará problemas sérios", alertou Pastore. Para ele, o principal problema chama-se valorização cambial, que volta a desestimular as exportações e impede a correção dos desequilíbrios externos. Um aperto fiscal, para ele, produziria efeitos opostos. ``O consumo do governo e a demanda global seriam reduzidos, as exportações subiriam e cairiam as importações", concluiu. Texto Anterior: O VAIVÉM DAS COMMODITIES Próximo Texto: Governo prevê batalha política Índice |
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