São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995 |
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Comércio começa a cancelar pedidos
SUZANA BARELLI
``A previsão de retração das vendas após a segunda melhor data de venda para o comércio já está levando ao cancelamento de pedidos", afirma Salomão Gawendo, vice-presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas. As taxas de juros, consideradas excessivas pelos lojistas, também contribuem para o corte de encomendas. ``Com o juro atual, que já chega a 25% ao mês no mercado informal, fica muito caro manter estoque", diz Gawendo. Segundo ele, nos casos dos pedidos não-cancelados, a reposição dos estoques será feita lentamente, com a lista de encomendas restrita aos bens que não podem faltar nas prateleiras. Girz Aronson, da rede G. Aronson, conta que está ``lutando" com seus fornecedores para equacionar melhores prazos de pagamento com juros mais baixos. ``Se comprar para pagar em 90 dias, o preço sobe 20% devido aos juros", conta Aronson, que compra à vista ou em até 30 dias. Jorge Hamuch, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecido, Vestuário e Armarinho do Estado de São Paulo, diz que o setor foi ``obrigado" a reduzir para 30 dias ou 60 dias o prazo dado aos clientes no final de abril. ``Antes, trabalhávamos com prazo de até 120 dias, o que ficou impossível com as taxas de juros atuais", afirma. Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, conta que o setor trabalha com previsão de ``grande queda" no movimento até o final do mês. Para ele, o próprio sábado que antecedeu o Dia das Mães já pode estar mostrando uma tendência de desaquecimento do setor. A explicação, diz Alfieri, é que as consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito, que mede as vendas a prazo) foram 14% menores neste último sábado em comparação com o mesmo dia da semana anterior (39.359 consultas contra 45.699). Nas vendas à vista, medidas pelo Telecheque, as consultas também foram menores neste último sábado: 36.691 contra as 37.489 ligações feitas um sábado atrás. ``Apesar do bom Dia das Mães, a retração do número de consultas já pode ser um sinal de retração das vendas", diz Alfieri. Nas previsões da ACSP, os lojistas com problema de capital de giro (dinheiro que a empresa mantém disponível para saldar seus compromissos) já devem, esta semana, reduzir os prazos de seus pré-datados. Ralf Nassar, presidente do Mambo, rede de supermercados de São Paulo, conta que está tentando acabar com o cheque pré-datado como forma de pagamento. Na rede, era possível pagar com cheque para até 30 dias nas compras acima de R$ 160,00. Desde 1º de maio, o prazo foi reduzido para até dez dias. ``A alta nas taxas de juros e a inadimplência estão fazendo com que os comerciantes pensem em acabar com o pré-datado." O medo dos comerciantes, aqui, é que o fim do pré-datado venha acompanhado de uma queda nas vendas. Texto Anterior: Venezuela quer maior integração com Brasil Próximo Texto: Venda a prazo cresce 35% Índice |
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