São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Parabéns ao PT

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA - O PT iniciou ontem uma extraordinária experiência, capaz de entrar na história das conquistas sociais no Brasil: 1.686 famílias começaram a receber em Brasília cheques no valor de um salário-mínimo. Condição: devem manter seus filhos na escola. Não é só.
Além do salário, o aluno vai ter uma caderneta de poupança que, a cada ano, receberá uma injeção de recursos. Só vai poder sacá-la integralmente depois de completar os oito anos do ciclo básico.
A experiência é rica, entre outras coisas, porque traz uma lição: deixaram-se paradas as obras do metrô para que se aumentasse o salário do professor e melhorassem as condições de ensino. Boas novas num país com a tradição de agradar empreiteiros em troca da prioridade ao social.
Razão do meu entusiasmo com a idéia: reduz-se a evasão escolar, diminuem-se as doenças da ignorância (excesso de filhos, por exemplo), melhora-se a mão-de-obra. E, ao mesmo tempo, sobem as condições de vida da família que, agora, vai se esforçar em manter o filho na escola.
Pudéssemos replicar esse simples projeto nos bolsões de pobreza, em pouquíssimo tempo (menos de uma geração) teríamos outro país. O resto -exigência de saneamento básico, irrigação, postos de saúde, vacinação etc.- seria apenas uma consequência natural de uma sociedade mais educada.
Só a bolsa e o salário não bastam, claro. Indispensável virar os currículos de cabeça para baixo e, ao mesmo tempo, transformar o professor num profissional qualificado.
O salário-educação e a bolsa enquadram-se no melhor elenco de idéias para que o Brasil enfrente, não com as mãos, mas com a cabeça, a marginalidade e a violência.

PS - Outra boa notícia que, embora sem a mesma ênfase educacional, significa um notável avanço. Em Campinas, o prefeito José Roberto Magalhães introduziu o programa de renda mínima. É dada uma complementação em salário para a família mais pobre ter condições de sobrevivência.

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