São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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O gás acabou

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Anteontem, Lula chamou coletiva e surgiu dizendo que a responsabilidade, a culpa pela greve dos petroleiros era do presidente Fernando Henrique, que não negocia.
Ontem foram os sindicalistas que surgiram na televisão para dizer que a responsabilidade, a culpa pela falta de gás é das distribuidoras, ou da Petrobrás, mas não da greve.
``As distribuidoras escondem o produto para vender com ágio", declarou um líder dos petroleiros, ontem no SBT. ``Elas estão especulando com a nossa greve."
``O estoque, ele é controlado pela Petrobrás", disse outro, na CNT. ``E as informações não-verdadeiras sobre estoque são um dos instrumentos que a Petrobrás está tendo para coagir o petroleiro."
Enquanto os sindicalistas não se acertam sobre quem vão culpar, o que está claro é que vai faltar o gás de cozinha. De algumas manchetes e frases de ontem, na televisão:
``O gás acabou", na Globo, mencionando o aviso feito por uma refinaria.
``Começa a faltar o gás de cozinha", na Manchete.
``Racionamento de gás em todo o país", no SBT.
A greve dos petroleiros, que já começou impopular, entra agora na fase de maior impacto social. Daí a demanda, a busca de responsáveis outros.
Como afirmou o sindicalista ouvido pela CNT, bastante consciente, ``se nós perdermos o apoio da população, nossa batalha está perdida."
O petróleo é deles
Um dos esforços de Lula, anteontem e também ontem, foi apresentar a greve como econômica, ou como salarial -e não política.
No entanto, na manifestação dos petroleiros no Rio, em frente à sede da Petrobrás, com representantes da greve no país inteiro, uma imagem derrubou os esforços do petista. Em vez de ``Ordem e Progresso", uma bandeira trazia:
- O Petróleo é Nosso.
Tanto é política a greve que vai apaixonando o nacionalista Itamar Franco. O ex-presidente foi convidado a trabalhar como um mediador, pelos petroleiros -e já pediu uma audiência com o sucessor.
Como nos seus bons tempos de ciclotimia, como presidente, Itamar levou a maior confusão ao Palácio do Planalto.

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