São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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Casa Centro tem dívida de R$ 300 mi

NELSON BLECHER; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionada por dívida de cerca de R$ 300 milhões, a Casa Centro, uma das cinco maiores redes de eletrodomésticos do país, deve definir até amanhã que estratégia adotará para equacionar a crise financeira.
A diretoria da Casa Centro, que possui 22 lojas, opera há três décadas e é controlada pelo Grupo Cukier, estava ontem empenhada em renegociar contratos com os credores, de acordo com a assessoria de imprensa.
Anteontem, em reunião na sede da Eletros (associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos), os fornecedores decidiram formar uma comissão para avaliar a situação contábil da empresa.
Com base nas informações colhidas é que as indústrias adotarão uma posição conjunta no relacionamento com a empresa.
``A comissão vai tentar contato com o sistema financeiro", disse à Folha Milton Magnani, diretor comercial da Prosdócimo.
Ele afirma que o episódio surpreendeu o mercado e gera ``muita preocupação". Mas acrescenta que se trata de um ``caso isolado" no varejo brasileiro.
Segundo Magnani, o débito da Casa Centro com o grupo paranaense é inferior a R$ 5 milhões. Apontado como principal fornecedor, o Grupo Brasmotor (Brastemp) não quis se manifestar.
Também na segunda-feira passada a diretoria da empresa convocou os bancos credores e solicitou um alongamento da dívida.
Um dos executivos que participaram disse que o maior problema é a falta de garantia compatível com o volume de endividamento. A maior parcela da dívida é com o Bradesco, de R$ 25 milhões.
O Banco Nacional informou, através de sua assessoria de imprensa, que o crédito cedido à Casa Centro é de baixa proporção. A instituição financia as compras aos consumidores finais.
As lojas estão funcionando normalmente e os estoques, segundo a empresa, somam R$ 24 milhões e correspondem a apenas dez dias de vendas.
A crise vem sendo administrada pelos controladores, os irmãos Nelson e Sergio Cukier, que representam a segunda geração à frente da Casa Centro.
A empresa é dirigida de forma discreta e não fornece informações sobre faturamento e número de funcionários. Segundo a revista ``Melhores e Maiores", em 1993 sua receita de vendas atingiu US$ 161,4 milhões.
Em 1994, a Casa Centro investiu US$ 30 milhões em veiculação de publicidade e passou a ocupar a 24ª posição no ranking dos maiores anunciantes brasileiros.
Tem atuação agressiva em vendas por telemarketing (compras de produtos por telefone).
Desde a abertura da economia, vem crescendo a participação de importados em suas prateleiras.
Além disso, a empresa passou a fornecer eletroeletrônicos para atacadistas, a preços em determinados itens inferiores aos cobrados pela própria indústria.

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