São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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Israel contra Brasil, em si, não vale nada

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O jogo em si não vale nada, a não ser a expectativa habitual de que o Brasil, no mínimo, goleie Israel, lá em Tel Aviv. Acontece que Israel, embora historicamente ocupe lugar modesto no ranking mundial, tem vários jogadores atuando nos centros mais desenvolvidos do futebol europeu. E essa mesma seleção anda criando problemas para França e escambaus pela Copa Européia.
Além do mais, nosso time, como sempre, foi arregimentado no aeroporto. Seja lá o que Deus quiser. Mas a Providência anda muito benévola com Zagallo; logo, é bem possível que a goleada venha.
Há, porém, um detalhe: até agora, o time de Zagallo tem oferecido bons espetáculos e muitos gols, jogando com dois volantes escalonados. Ou seja: um Dunga e um Leandro, por exemplo, mais hábil na saída de jogo. Hoje, joga com dois Dungas: o próprio e seu clone piorado, Doriva. Por certo, isso fará a bola sair da nossa intermediária, se arrastando, vesga e combalida pelos maus tratos. Outro problema: a dupla de área -pelos seus estilos, Ronaldo e Túlio, ao invés de se completarem, colidem. Ou melhor: ambos atuam da mesma forma, no mesmo lugar, em jatos esparsos.

Espinosa diz que foi pego de calças curtas. Estranho, num técnico experiente como ele, pois o cheiro da fritura há tempos flutuava nos ares do Parque. Afinal, mesmo com a história de que ele e a diretoria do Palmeiras, em conjunto, fizeram uma escala de prioridades, tendo a Libertadores no topo e o Paulistão na rabeira, mesmo assim, não há time grande neste Brasil que resista a sete jogos seguidos sem nenhuma vitória no mesmo certame.
Mais que isso: a desclassificação da Copa do Brasil matou a esperança de se manter um trunfo na manga, caso o Palestra escorregue agora na Libertadores, diante do mesmo Grêmio que o desqualificou naquela competição. E que cresce como um fantasma sobre o Parque.
A bem da verdade, Espinosa não cometeu nenhum deslize grave, nenhuma burrada de ordem tática ou estratégica, nem mesmo deixou de escalar este ou aquele jogador por idiossincrasia. Nada que obrigasse a diretoria a defenestrá-lo agora. Mas a simples agonia de somar-se ao cabalístico sete jogos sem vitória uma derrota diante do Corinthians, logo o Corinthians, ah, isso já basta para tirar qualquer palestrino fora do eixo.
Além do mais, quem sabe, sua saída não sirva para despertar os brios do time, o suficiente, ao menos, para vencer o Corinthians? Pronto, isso já vale uma vida.

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