São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Governo recua e já admite a negociação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo recuou de sua posição de não dialogar com os petroleiros e sinalizou ontem com a abertura de negociações.
Por meio do porta-voz Sérgio Amaral, o presidente Fernando Henrique Cardoso mandou dizer que a Petrobrás poderá rever as demissões e o corte de horas paradas, desde que os petroleiros voltem ao trabalho.
À noite, a Petrobrás divulgou nota com o mesmo conteúdo.
O início das negociações com os petroleiros foi admitida por FHC ontem pela manhã, em reunião de pouco mais de uma hora com uma comissão de líderes dos partidos governistas e de oposição no Palácio do Planalto.
Segundo Amaral, FHC disse aos parlamentares que as negociações, caso aconteçam, atenderão a dois critérios: será feita pela Petrobrás -e não por ele ou pelos ministros- e dentro da lei e nos limites da decisão judicial do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
Ou seja: as reivindicações salariais dos petroleiros ficam de fora. À noite, Davi de Souza, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse que ``em hipótese alguma a categoria abre mão de uma alternativa financeira". Segundo ele, o percentual de reajuste pode ser negociado, mas não pode ser menor que 10%.
Amaral afirmou que a orientação do governo é para que a Petrobrás ``possa iniciar imediatamente negociações com os grevistas sobre assuntos que julgue oportunos, desde que não incluam temas que já foram objeto de uma decisão judicial".
Ao ser informado sobre a iniciativa do governo, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, reagiu. ``Esta proposta é a mesma desde o primeiro dia de greve. Sem nada, fica muito difícil terminar a greve."
Para o senador Roberto Freire (PPS-PE), a comissão não esteve com FHC para fazer reivindicações nem discutir questões de mérito. O presidente ouviu que a decisão do TST pode ser revista por um tribunal pleno. Neste caso, o juiz chamaria as duas partes novamente para uma conciliação.
FHC, segundo Sérgio Amaral, disse que se a Justiça resolver reabrir a discussão ele a aceitará. Entretanto, acredita que as decisões já tomadas não sejam revistas.

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