São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Desembargador ganha prédio de banco oficial

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tribunal de Justiça do Acre determinou que um dos prédios do banco oficial daquele Estado, na cidade de Rio Branco, fosse entregue como penhora (apreensão de um bem) ao desembargador Jersey Pacheco Nunes.
Nunes é presidente daquele tribunal e receberia o imóvel como forma de pagamento de uma dívida -que o banco nega existir-, hoje estimada em R$ 800 mil.
O episódio teve início em junho de 1982, quando o juiz garantiu um empréstimo feito pelo Banacre (o banco oficial) a uma empresa madeireira, a Mabril.
Ele forneceu como garantia do empréstimo um terreno de 8,5 hectares em Rio Branco.
Como a dívida da Mabril não foi paga, em 1985 o terreno foi adjudicado (tomado pelo banco para o pagamento do empréstimo).
Nunes, que não havia sido corretamente notificado sobre a tramitação do caso na Justiça, ganha em 1986 uma ação rescisória (anulação da sentença anterior) e pede o terreno de volta.
Mas o imóvel já tinha ido parar em mãos da Codisacre, empresa que havia loteado o distrito industrial, estatal do governo do Acre.
Sem o terreno, o futuro desembargador -ele se tornou magistrado por indicação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)- requer que o banco lhe pague uma indenização.
O advogado do banco nessa etapa do processo, João Batista Tezza Filho, alega que dois fatos estranhos ocorreram.
O primeiro é que Nunes, já instalado no fórum como juiz, não foi localizado pelo oficial de justiça que deveria convocá-lo a se manifestar sobre a ação rescisória.
O segundo está nas circunstâncias em que o Banacre perdeu, em 1991, o prazo para contestar o valor da dívida que passava supostamente a ter para com o juiz.
O processo foi retirado do cartório do fórum por uma advogada que não tinha procuração para fazê-lo e devolvido quando o prazo já estava vencido.
O atual advogado do Banacre, Antônio Avelino Mendes, disse à Folha ser ainda possível reverter o quadro desfavorável a seu cliente.

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