São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Entidades criticam indicação de militar

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A escolha de Nilton Cerqueira para a Segurança Pública foi criticada por entidades civis.
A Human Rights Watch, organização não-governamental de defesa dos direitos humanos com sede nos EUA, acha que a escolha ``não é recomendável e deveria ser repensada".
Em nota, a entidade critica o ``passado" do militar. O então major Nilton Cerqueira comandou o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Inteligência-Comando de Operações de Defesa Interna) na Bahia na década de 70, ``época da repressão militar".
Na nota, a Human Rights diz que o DOI-Codi foi ``um dos órgãos que mais violou os direitos humanos", e que chegou a ``matar cerca de 269 pessoas e causar o desaparecimento de outras 152".
A diretora do grupo Tortura Nunca Mais, Flora Abreu, disse que a entidade vai enviar carta a autoridades do Brasil e do exterior criticando a opção pelo militar. A entidade foi criada com a finalidade de apurar casos de torturas e de pessoas desaparecidas durante o regime militar no Brasil.
``Cerqueira é um homem que foi ligado à ditadura. E esse período deve ser encarado pelos brasileiros da mesma forma como os alemães repudiam o nazismo. A escolha dele representa um retrocesso", disse Flora.
Ela disse que a crítica do grupo ao militar não se deve a ``questões pessoais". ``O problema não é o passado dele. A questão é que a ditadura foi um período marcado pela impunidade. Uma pessoa com uma mentalidade dessa, num cargo como esse, representa uma ameaça à cidadania."
O prefeito César Maia aprovou a nomeação. ``Ele tem o estilo do comandante americano que atuou na Guerra do Golfo: acabou a brincadeira, bandido é bandido.

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