São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995 |
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Negros e homossexuais `disputam' Zumbi
PASCOAL GOMES
O carro do antropólogo, um Lada vermelho, modelo 95, também estava pichado e teve o vidro dianteiro quebrado. Mott criou polêmica com a comunidade negra de Salvador ao publicar um artigo no jornal ``Bahia Hoje", de Salvador, na última segunda-feira, levantando a hipótese de que Zumbi dos Palmares, líder negro da época da escravidão, seria homossexual (leia texto nesta página). As expressões ``Zumbi Vive" e ``Zumbi Filho" foram escritas no muro e no carro de Mott. Ele disse que não ouviu barulho. Pela manhã, Mott deu queixa na 1ª DP (Delegacia de Polícia). A polícia determinou uma perícia no carro do antropólogo. ``Foi a primeira reação violenta ao meu artigo. Até agora, não havia recebido sequer uma ameaça verbal", disse Mott. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) divulgou ontem uma nota em repúdio ao artigo de Luiz Mott. A nota classifica o artigo como ``nocivo e oportunista". A CUT também se posicionou contra a suposta tentativa de intimidação ao antropólogo. ``Nós repudiamos qualquer violência", disse Roque Assunção da Cruz, diretor da Executiva Nacional da Comissão Anti-Racismo da CUT e integrante do MNU (Movimento Negro Unificado) da Bahia. ``Quem pichou a casa de Mott quer indispor a comunidade negra com o Grupo Gay da Bahia", disse Cruz. ``Mas tudo pode ter sido armado pela mente maquiavélica do professor Luiz Mott." O ano de 1995 marca os 300 anos da morte de Zumbi -um dos principais organizadores do Quilombo de Palmares, onde hoje é o Estado de Alagoas. Quilombos eram áreas ocupadas no Brasil por escravos fugitivos, entre os séculos 17 e 19. Texto Anterior: Dois corredores de ônibus em áreas de mananciais são aprovados Próximo Texto: Historiador contesta versão Índice |
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