São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Crise foi por falta de liberalismo, diz Mason

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista mexicano Edgard Mason disse ontem, em São Paulo, que foi por falta e não por excesso de liberalismo que seu país atravessa a crise mais aguda de sua recente história econômica.
O governo Salinas de Gortari, argumentou, levou o Estado a intervir no câmbio e disso resultou a supervalorização do peso e a crise nas contas nacionais.
``Se ele tivesse deixado que os mecanismos de mercado fixassem a cotação da moeda, não se teria chegado, como ocorreu em 1994, a um déficit de US$ 24 bilhões nas contas externas", afirmou o economista.
Mason, professor da Universidade Autônoma de Morelos, fez conferência sobre a crise mexicana no Instituto Liberal, entidade sem vínculos partidários que difunde os princípios do liberalismo.
Apesar da crítica à política cambial do ex-presidente Salinas, o economista atribuiu a ele três fatores decisivos para a recente modernização do México.
Citou a privatização de 912 empresas, a abertura da economia com a subsequente adesão ao Nafta (acordo de livre comércio com o Canadá e os Estados Unidos), e, por fim, o controle da inflação, que caiu de 157% em 1987 para 7% no ano passado.
Para Mason, o ex-presidente Salinas tem sido injustiçado ao lhe serem atribuídas as causas fundamentais da crise do modelo econômico, que eclodiu em dezembro do ano passado.
Havia, segundo o economista, uma coligação de grupos interessados em fazer com que a política econômica implantada em seu país entrasse em colapso.
Citou dirigentes sindicais, particularmente no setor do petróleo, a esquerda, a ``velha guarda do PRI" (partido dominante), o narcotráfico e a guerrilha na região de Chiapas.
Quanto a esta última, afirmou ter sido sintomático o fato de suas ações terem se iniciado a 1º de janeiro de 1994, justamente a data em que começava a vigorar a zona de livre comércio norte-americana.
Colocou em dúvida que a guerrilha tenha nascido da pobreza, em razão dos US$ 600 milhões que afirma terem sido investidos em armamentos naquela província.
Embora sua conferência se intitulasse ``A Crise Mexicana e seus Reflexos na Economia Brasileira", Edgard Mason se absteve de fazer qualquer prognóstico quanto ao perigo de irradiação do chamado ``efeito tequila".

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