São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Sopa de letrinhas

WILSON BALDINI JR.

CMB, AMB, FIB, OMB, FMB, CIB, OIB. Não se assuste. Não se trata de uma lista de impostos de um pacote econômico do governo ou uma relação de partidos políticos ou investimentos.
Estas são as siglas das entidades mundiais que organizam (ou manipulam) o boxe internacional.
O CMB (Conselho Mundial de Boxe) e a AMB (Associação Mundial de Boxe) são as mais antigas e sérias. Foram criadas nos anos 60.
Já a FIB (Federação Internacional) surgiu nos anos 80, seguida pela OMB (Organização Mundial).
As demais surgiram nos últimos anos. Além da falta de credibilidade, as novas entidades têm em comum a pequena criatividade. Os Fs, Cs, Bs e Is têm sempre o mesmo significado. Só muda a ordem.
Para que serve essa proliferação de manipuladores? Para forjar um maior número de pseudolutas por título e dar dinheiro aos empresários. Se medíocres lutadores e espertos empresários lucram, alguém precisa perder. E quem perde? O boxe e as pessoas que gostam dele.
O aumento exagerado de campeões causa descrédito do público. Pugilistas despreparados chegam ao título, não cativam os espectadores e a desaprovação é geral.
Antes de tais entidades, o título era unificado. Só existia um campeão dos médios: Sugar Ray Robinson. Rocky Marciano era o campeão pesado. O povo sabia de cor o nome do campeão e seus principais desafiantes.
O último foi Pernell Whitaker (EUA), em 90, quando peso-leve. Ele ficou com os títulos (mais importantes) do CMB, AMB e FIB.
Atualmente todos são campeões ou desafiantes. Exemplo: Oliver McCall (CMB), Bruce Seldon (AMB), Riddick Bowe (OMB), George Foreman (FIB), Johnny Nelson (FMB) são os ``campeões mundiais" dos pesados.
E, no dia 10 de junho, Razor Ruddock e Tommy Morrison disputam a ``cinta" do CIB (Conselho Internacional de Boxe).
Só o norte-americano Oscar de La Hoya (campeão dos leves da OMB e da FIB) e Humberto Gonzalez (moscas-ligeiros do CMB e da FIB) alcançaram a unificação.
A cada dia fica mais difícil ver um confronto interessante, pois os empresários se preocupam em preservar suas galinhas de ovos de ouro, diante de galinhas mortas.
Por isso, não vimos Tyson x Holyfield, em 89. E sonhamos com Nigel Benn x Roy Jones, Julio César Chavez x Kostya Tzyu.
E ainda somos obrigados a ver desastrosos ex-campeões, como Michael Moorer e Lennox Lewis.

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