São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Curitiba mostra 'gay play' de Ulysses Cruz

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Estréia hoje no Teatro Paiol, como parte do Festival de Teatro de Curitiba, no Paraná, a peça ``O Melhor do Homem", da americana Carlota Zimmerman, dirigida por Ulysses Cruz.
A montagem tinha a sua estréia marcada para São Paulo, dois meses atrás, no Teatro Hilton, mas acabou sendo vetada por conta da sua temática homossexual, segundo o diretor.
Ulysses Cruz descreve ``O Melhor do Homem" como uma ``gay play", uma peça homossexual. Acredita que, por ter descrito desta maneira a peça, acabou por provocar a reação desmedida do teatro em São Paulo.
Ainda assim, não vê ``O Melhor do Homem" como uma peça polêmica. Para ele, trata-se de ``uma peça simples", em diversos sentidos. Entre eles, o de não agredir os espectadores.

Projeto
A produção ainda procura teatros em São Paulo, visando um trabalho de longo prazo. Ulysses Cruz diz que o projeto é para mais de uma peça:
``A idéia é que, neste final de século, a gente possa começar a mexer nestes tabus. Hoje essa cultura saiu dos guetos. A minha idéia é achar um espaço para lidar com essa temática."
O espetáculo, que deve estrear em São Paulo até o final de junho, fez duas pré-estréias no interior paulista, em Indaiatuba e Campinas, ambas com uma boa recepção de público, o que estimulou a sua continuidade.
É uma peça com apenas dois personagens, em que Skyler, uma figura típica do ``machão", estupra a sua meia-irmã, vai para a cadeia e encontra Dean, um homossexual que estaria prestes a morrer -o que a peça, no entanto, não deixa muito claro.
Além do veto do Teatro Hilton e do adiamento da estréia paulista, ``O Melhor do Homem" também enfrentou dificuldades na escolha dos intérpretes.
Segundo Ulysses Cruz, o elenco demorou para definir-se, para chegar à composição de Rubens Caribé no papel de Dean e Milhen Cortáz no papel de Skyler, que é como a peça vai estrear oficialmente, hoje em Curitiba.

Precocidade
A autora de ``O Melhor do Homem", Carlota Zimmermann, tinha 16 anos quando escreveu a peça, há quatro anos -o que o próprio diretor recebeu com espanto, dizendo tratar-se de uma escritora de grande inteligência, de texto ``muito bem escrito".
A peça da nova-iorquina Carlota Zimmerman, montada originalmente no circuito universitário americano, alcançou repercussão e já recebeu montagens em países como a França e a Alemanha.

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