São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995 |
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Arnaldo Baptista compõe para curta sobre loucura FILME DEMÊNCIA IVAN FINOTTI
Arnaldo, fundador dos Mutantes -banda que introduziu a guitarra na MPB nos anos 60-, foi convidado pelos diretores Christian Saghaard, 24, e Carlos Botosso, 21, para musicar o curta-metragem ``Sinhá Demência e Outras Histórias". O filme, de 15 minutos, traz vários esquetes sobre a loucura. No último, um dos personagens se joga da cobertura de um prédio. ``Foi justamente esta a cena de que eu mais gostei", disse Arnaldo, que compõe para um filme pela primeira vez. Segundo os diretores, a cena do suicídio não foi inspirada na queda de Arnaldo. ``Mas, durante a filmagem, percebemos a coincidência", diz Saghaard. Arnaldo mora há 11 anos em um sítio em Juiz de Fora (MG) com sua atual mulher Maria Lúcia. Veio para São Paulo para, entre outros projetos, musicar ``Sinhá Demência". As gravações, realizadas há duas semanas, duraram dois dias em um estúdio em Moema (zona sul). Uma televisão e um videocassete foram instalados para que o compositor acompanhasse as imagens enquanto tocava. Sua única exigência, atendida, foi usar instrumentos da marca Gibson e amplificadores valvulados -que usam válvula em vez de transistor para amplificar o som. Arnaldo preferiu gravar sem compor nada antes. O procedimento usado foi mostrar o filme enquanto o ex-Mutante improvisava durante os 15 minutos. O primeiro instrumento gravado foi o piano, seguido do baixo, da guitarra, da bateria e dos efeitos do teclado. Por último, o próprio Arnaldo mixou as cinco faixas, juntando-as em uma única. O resultado foi uma completa anarquia sonora. Durante as gravações, Saghaard chegou a duvidar que a música ficasse satisfatória. Voltou atrás após ouvi-la pronta. ``O problema é que o Arnaldo desmontou nossa idéia. Estávamos gostando, mas não entendíamos nada. Agora, vendo e ouvindo o resultado, tudo bem que a idéia inicial foi desmontada", disse o diretor. Saghaard não pode reclamar da improvisação. ``Foi parecido com as filmagens porque a gente inventava muitas cenas na hora. Arnaldo fez o mesmo com a música." Em fase de finalização, ``Sinhá Demência e Outras Histórias" deverá estar pronto ainda este mês. Várias festas de lançamento estão sendo programadas. A produtora Paraísos Artificiais, responsável pelo filme, planeja inscrevê-lo em festivais. Projetos Além de musicar ``Sinhá Demência", Arnaldo Baptista toca três outros projetos em São Paulo. Quer lançar três de seus discos independentes -``Singing Alone", ``O Elo Perdido" e ``Faremos uma Noitada Excelente"- no formato CD. Ele tenta também expor seus quadros no Instituto Cultural Itaú. E pedirá um patrocínio à marca de guitarras Gibson por citá-la em quase todas as entrevistas que deu nas duas últimas décadas. ONDE ENCONTRAR as camisetas pintadas por Baptista: Baratos Afins (av. São João, 439, 2º andar, loja 316/318, tel. 011/223-3629) e Bar Superbacana (rua Girassol, 354, tel. 011/211-4615) Texto Anterior: Cartier-Bresson registra coreografia secreta Próximo Texto: "Antes de pular do prédio, dei uns passos de dança" Índice |
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