São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Japonês vence concurso de sommeliers

JOSIMAR MELO
DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Até nisso. O Japão acaba de tirar o cetro da França num terreno impensável: o dos vinhos. Se os americanos brigam por carros, os franceses agora têm motivos líquidos para suas preocupações.
O oitavo concurso de melhor sommelier do mundo -isto é, o melhor profissional de restaurante responsável pelo serviço de vinhos- acabou na noite de terça-feira passada, em Tóquio. E o vencedor foi Shinya Tasaki, 37. Pela primeira vez, um japonês.
O concurso mede a competência dos profissionais em vários aspectos. Embora as notas não sejam divulgadas pelo júri, a Folha apurou que, entre 800 pontos possíveis, Tasaki ficou apenas 0,26 à frente do segundo colocado (o francês Olivier Poussier) e 1,5 do terceiro (o canadense François Chartier). Uma vitória apertada.
Para chegar lá, foi preciso passar por uma duríssima prova escrita, com questões técnicas e teóricas sobre a vinificação, e provas práticas de conhecimento -análise e descrição de amostras de vinhos e destilados e apreciação da combinação entre vinhos e comida. Os candidatos também são testados em sua habilidade e correção ao servirem um vinho.
Desta primeira fase foram selecionados cinco finalistas: os representantes da Alemanha, Canadá, França, Japão e Suíça. O brasileiro Gianni Tartari, do restaurante Fasano de São Paulo, escolhido em concurso nacional ano passado, ficou na semifinal.
A etapa final aconteceu terça, diante de uma platéia de 1.500 pessoas, entre elas o príncipe Takamado (primo do imperador, o terceiro na linha sucessória). Os candidatos analisaram em voz alta cinco bebidas e depois simularam um serviço de vinhos como num restaurante.
Um casal fazia um longo pedido para o jantar. O sommelier devia recomendar vinhos que combinassem com os pedidos e servir corretamente um deles, seguindo inclusive o ritual da decantação (passar o vinho para outra garrafa, separando-o da borra).
A vitória de Tasaki, sommelier do hotel Seiyo Ginza, deixou estupefatos os franceses, indignados os italianos (que não chegaram nem às finais) e em prantos os suíços (que esperavam melhor resultado).
No fundo, não foi tão surpreendente. A decisão de fazer o campeonato deste ano no Japão levou a um estóico e sistemático esforço de preparação, como é típico nesta terra de gente persistente (e com dinheiro). Além disso, Tasaki tinha um bom currículo e já despontava como forte candidato.

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