São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995 |
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Mailson defende o aperto no crédito É o único caminho, diz ex-ministro FERNANDO CANZIAN; FIDEO MIYA
Esta é a imagem que o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, hoje consultor da MCM, usa para explicar que o governo não tem outra alternativa senão aplicar o remédio amargo e doloroso do crédito escasso e juros estratosféricos. O recuo do governo neste momento seria desastroso, diz, pois faria o país voltar à situação pré-real, com inflação na casa dos 50% ao mês. O pior, segundo ele, é que os empresários têm razão quando reclamam dos juros. ``Mas este é o preço que a sociedade precisa arcar para ter uma economia estável, porque os políticos não aprovaram ainda as mudanças necessárias na Constituição." Em qualquer lugar do mundo, diz o ex-ministro, ``os governos enfrentam pressões para recuar quando colocam em marcha planos de estabilização. Todos querem a estabilidade, desde que a conta seja paga pelo vizinho". Nas circunstâncias atuais, diz ele, o governo FHC não tem outros instrumentos disponíveis para frear o consumo. A alternativa, defendida por alguns economistas, de reduzir a renda salarial por meio do aumento do Imposto de Renda não funciona porque seu alcance é restrito. ``Dos 62 milhões de trabalhadores, apenas três milhões são contribuintes do Imposto de Renda". Além disso, a Constituição proíbe que o aumento do imposto seja cobrado no mesmo ano. Outra alternativa seria o governo cortar gastos públicos, que também geram consumo. Ela também é impossível, explica Mailson, porque a Constituição obriga o governo federal a transferir praticamente 90% da sua arrecadação. Um exemplo: 57% do que é arrecadado com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e 47% do IR são transferidos para Estados e municípios. (FCz e FM) Texto Anterior: Simonsen diz que só ajuste do governo pode baixar taxa Próximo Texto: Há espaço para baixar juro Índice |
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