São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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DEPOIMENTO

"Me formei em processamento de dados e comecei a trabalhar com mercado em 84. Naquela época, era raríssimo encontrar uma mulher trabalhando em corretoras. Hoje, ainda tem muito mais homens, mas a gente não é mais vista como uma mosca branca. As pessoas ainda se assustam um pouco quando digo que trabalho numa corretora. Mas não é tão espantoso quanto se eu dissesse, por exemplo, que era uma física nuclear.
Entrei na área de investimentos por acaso. Fazia programas de computador para uma corretora e um dia um dos donos sugeriu que eu sentasse na mesa para aprender a operar. Gostei do trabalho e não larguei mais.
Antes de começar na corretora, não entendia muito sobre mercado financeiro nem me interessava pelo assunto. Acho que a maior dificuldade enfrentada pela mulher que entra na área é a de ter que provar que é boa. Nós temos que ser melhores do que todos os outros para ganhar credibilidade.
Acho também que a mulher é mais conservadora na hora de aplicar. Ela pensa e analisa com mais cuidado enquanto o homem é jogador. Isso, a princípio, é uma desvantagem nossa. Mas, com o tempo, a gente aprende a arriscar mais. A grande vantagem que temos sobre eles é de sermos mais persuasivas e insistentes. Também existe um pouco de machismo que nos beneficia na hora de conquistar um cliente. Se quem está insistindo é uma mulher, o cara pensa: `manda ela entrar, vamos ver que rosto ela tem.'
A questão é que não nascemos para exercer funções técnicas. Pelo menos não é o que os pais esperam das filhas. Por isso, terminamos sendo mais obstinadas, mais fortes. Sou exigente e super perfeccionista. E isso foi fundamental para que eu conseguisse alcançar sucesso no trabalho.

MARIA OLÍVIA DA VEIGA, 31, é gerente de operações da Corretora Sênior.

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