São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995 |
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Pesquisador já apresentava projetos de multimídia em 1975
MARIA ERCÍLIA
A palavra multimídia não seria tão banal hoje se não fosse Nicholas Negroponte. Em 1975, ele apresentou um projeto de ``computação multimídia" ao governo dos Estados Unidos. Foi aceito, com a condição de que ele retirasse a segunda palavra, porque ``parecia bobagem". Já é história o fato de que nada deu mais dinheiro no ramo dos computadores pessoais nos últimos anos que a tal multimídia. Há dez anos ele fundou o Media Lab (laboratório de mídia) no prestigioso Massachusetts Institute of Technology. Como diretor desse laboratório, sua grande função é de ``fundraiser" -basicamente, consegue dinheiro para os mirabolantes projetos de seus pupilos, que às vezes parecem coisa de filme de Walt Disney. O Media Lab recebe dinheiro de mais de 70 companhias diferentes -são US$ 20 milhões por ano. Guru pop A principal virtude de Nicholas Negroponte como empresário, professor ou ideólogo é a de ser o homem certo na hora certa. Ele detectou antes que ocorresse uma mudança de paradigma nas telecomunicações: a tendência de meios como TV e rádio cada vez mais circularem por cabos, enquanto que a telefonia, ao contrário, caminha para se tornar ``sem fio". O efeito foi apelidado de ``Negroponte switch". Ele foi também um dos primeiros a falar na convergência TV a cabo/telefone/computador como novo modelo para as indústrias de entretenimento e comunicação. Negroponte mistura charme, senso de humor, um otimismo extraordinário em relação ao poder transformador da tecnologia e uma maneira esperta de falar de máquinas de forma simples e acessível. A combinação o coloca na posição de uma espécie de guru pop da tecnologia. Não tem formação de cientista. Graduou-se em arquitetura no MIT. Dá palestras pelo mundo inteiro, e assina a última página da revista ``Wired", que foi uma de suas tacadas de gênio. Considerada hoje como um dos maiores sucessos editoriais dos Estados Unidos, a revista é um excelente veículo das idéias de Negroponte. Sonhos digitais O livro que sai no Brasil esta semana, pela Companhia das Letras, ``A Vida Digital", é uma reunião das colunas de Negroponte na ``Wired", mais outros textos inéditos. Por suas páginas desfilam sonhos digitais, como computadores capazes de falar e ler expressões faciais, geladeiras inteligentes e jornais eletrônicos tão confortáveis de manusear quanto os de papel. Mas sua idéia mais famosa é a oposição átomos/bits, que já virou praticamente um slogan. Para Negroponte, o bit (menor unidade de informação que pode ser transmitida por computador) está para a sociedade de informação como o átomo para... bem, para toda a história humana pregressa. Na mobilidade e facilidade de transmissão do bit estaria expressa toda a insustentável leveza da ``vida digital". (Maria Ercilia) Texto Anterior: 'Barreira da geografia cairá' Próximo Texto: Venda de jornal sai no computador Índice |
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