São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Empresas ganham agilidade e comemoram os resultados

DA REDAÇÃO

O setor em que a privatização mais avançou no Brasil, o siderúrgico, comemora a mudança de gestão mostrando resultados concretos: a produtividade aumentou, a ingerência política diminuiu e as empresas antes deficitárias passaram a dar lucro.
Para o presidente da CSN, Silvio Coutinho, que está há 24 anos na empresa e acabou de ser reeleito para o cargo, durante a gestão estatal a necessidade de concorrência para adquirir equipamentos e serviços acabava encarecendo e tornando mais demorado o processo de compras da empresa.
Depois da privatização, o número de funcionários diminuiu (de um total de 28.500 para 18.100) e a produção cresceu de 2,7 milhões de toneladas de aço líquido em 1990 para 4,6 milhões em 1994.
Logo que a diretoria tomou posse, após a privatização, viu que havia um contrato para retificação (purificação) das águas do rio Paraíba do Sul, ao custo de US$ 8 milhões.
A empresa desistiu de realizar a obra, fez nova tomada de preços e o preço caiu para US$ 2,7 milhões, relatou Coutinho. O rio Paraíba do Sul banha Volta Redonda (RJ), onde fica a empresa.
Coutinho acredita que uma das grandes vantagens da privatização foi a nova relação com os fornecedores. ``Chegamos a conseguir descontos de 40% nos preços", disse.
Para ele, o que também mudou na CSN foi ``a cabeça do empregado". ``Como os empregados têm 10% da empresa e o fundo de pensão da CSN 11,5%, eles a vêem como a empresa deles", disse Coutinho, que começou a trabalhar lá como estagiário de engenharia.
Burocracia
Cláudio de Sá Rodrigues, 36, gerente internacional da Celma, especializada em reparos de motores de avião, também privatizada, reclama da burocracia que existia antes.
Quando a empresa era estatal, Rodrigues recebeu um telefonema do Lloyd Aéreo Boliviano pedindo para consertar uma turbina na pista do aeroporto de La Paz. Ele mandou um técnico, que chegou lá no dia seguinte, mas não podia ter feito isso.
``Eu precisava fazer um pedido para o Ministério da Aeronáutica, que aprovaria a viagem e só depois então eu mandaria o técnico", disse. Rodrigues diz que se esperasse a permissão, perderia o cliente.
``Quando a licença chegava, meu técnico já estava de volta". Este exemplo mostra, para Rodrigues, a principal diferença dos dois períodos da empresa: rapidez na tomada de decisões.
``A influência do Japão foi fundamental. Essa foi nossa sorte", declarou o presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares. Mesmo assim, afirmou, a privatização abriu espaço para maior desenvolvimento da empresa, inclusive na área internacional.
Na Cosipa, a privatização permitiu avanços na área de gerenciamento, pois era intensa, na fase estatal, a ingerência de políticos na nomeação de diretores e altos funcionários.
A produtividade também aumentou e a empresa voltou a apresentar lucro em 1994, após anos de prejuízos crescentes.

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