São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Fundo imobiliário é opção para investir, mas tem riscos

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Uma nova alternativa de investimento está crescendo aos poucos no mercado brasileiro: os fundos imobiliários. A CVM (Comissão de Valores Imobiliários) já tem registrados e em fase de análise 14 desses fundos, envolvendo cerca de R$ 650 milhões.
Em vez de colocar seu dinheiro no mercado financeiro ou aplicá-lo diretamente em imóveis, o investidor compra quotas de um determinado empreendimento imobiliário, que tanto pode ser um projeto novo quanto um já existente (condomínio residencial, shopping, hotel, prédio comercial etc.).
Ao comprar essas quotas a determinado valor unitário -as chamadas ``partes ideais"-, o investidor se torna sócio do empreendimento e, por isso, passa a ter direito à rentabilidade que ele oferecer.
Esses fundos de investimento imobiliário, entretanto, têm muita diferença em relação aos fundos do mercado financeiro, que também funcionam por meio de quotas.
Num fundo de commodities, por exemplo, você aplica seu dinheiro e pode reavê-lo de novo junto ao próprio fundo, com rentabilidade assegurada, neste caso, após a carência de 30 dias.
Nos fundos imobiliários, a possibilidade de venda das quotas não se dá junto ao próprio fundo, mas nas Bolsas de Valores ou no mercado de balcão (negócio direto com um eventual comprador).
Outra diferença é que os fundos imobiliários não podem garantir rendimento para a aplicação. Promessa de retorno certo é proibida pela própria lei que criou esses fundos, diz Fernando Borneo de Abreu, consultor econômico do Secovi (sindicato do setor de habitação no Estado de São Paulo).
A característica básica desses fundos é que eles envolvem risco, acrescenta Borneo. Tanto podem dar lucro quanto prejuízo, como um fundo de ações.
O consultor Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, da Adviser, também alerta para os riscos inerentes aos investimentos imobiliários. Daí a necessidade de o investidor conhecer bem todo o projeto e seus estudos de viabilidade técnica e econômico-financeira.
Esses estudos podem ser ou não sérios, alerta Ribeiro, temendo o surgimento de ``aventureiros".
É por isso que, para ele, os fundos de investimento imobiliário são mais recomendados a investidores institucionais, como os fundos de pensão (fundações que administram a complementação de aposentadoria dos empregados de grandes empresas).
Os fundos imobiliários vieram a calhar para essas fundações, diz ele, porque há uma limitação legal de 20% do total de seus ativos para investimento em imóveis. Nos fundos, o investimento é em títulos (as quotas) e não em imóveis.
Para Fábio de Araújo Nogueira, diretor de crédito imobiliário e poupança do Banco de Boston, novas alternativas de investimento, como os fundos imobiliários, vão deslanchar mesmo quando a economia do país estiver mais estabilizada, convivendo com taxas de juros mais próximas às de países desenvolvidos.
Com juros de 12% ao ano na renda fixa e os fundos imobiliários conseguindo de 18% a 20%, os investimentos imobiliários se tornariam bem mais atraentes.

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