São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Doutorado de Einstein foi mais citado que relatividade

Trabalho `prático' repercute mais que a famosa teoria

CÁSSIO LEITE VIEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual o trabalho de Albert Einstein (1879-1955) mais citado na literatura moderna? Teoria da relatividade geral, a maior obra intelectual feita por um só homem neste século? Errado. Efeito fotoelétrico, seu artigo mais revolucionário, no qual introduz o conceito de quantum de luz (em 1926, batizado fóton, por G. N. Lewis)? Também não.
Antes da resposta certa, vale citar um trecho de ``Sutil é o Senhor" (Editora Nova Fronteira, 1955), do físico holandês Abraham Pais, a melhor biografia científica de Einstein. ``É evidente que as frequências relativas de citação não são uma medida da importância relativa. Quem não desejou um dia escrever um artigo tão fundamental que rapidamente fosse conhecido por todos e não fosse usado por ninguém como citação?"
Entre 1970 e 1974, a tese ainda figura em primeiro lugar entre os artigos mais citados de Einstein. Segundo Pais, ``quatro vezes mais que o artigo de revisão de 1916 sobre a teoria da relatividade e oito vezes mais que o de 1905 sobre o quantum de luz".
Como explicar que um trabalho que aparece pouco -mesmo em livros que condensam vida e obra de Einstein- seja o mais citado? Pais dá um dos motivos: a tese, que trata das propriedades volumétricas de partículas em suspensão, tem mais aplicações práticas que qualquer outro artigo de Einstein. O trabalho é relevante para a área da construção civil (movimento de partículas de areia na preparação do cimento), na indústria de alimentos (movimento de micelas de caseína no leite de vaca), na ecologia (movimento de aerossóis nas nuvens), entre outros. ``Einstein gostaria de ouvir isto, visto que lhe agradava intensamente poder aplicar a física a situações práticas", revela o biógrafo e amigo Pais.

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