São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Professores da Escola Paulista de Medicina são os que mais produzem

CLÁUDIO CSILLAG
DA REDAÇÃO

A Escola Paulista de Medicina, como era e provavelmente vai continuar sendo chamada a recém-criada Universidade Federal de São Paulo, é a instituição brasileira cujos docentes mais produzem ciência de qualidade.
Para se ter idéia do que isso significa, 40% dos artigos produzidos por pesquisadores do Brasil não recebem nenhuma citação. No outro extremo, apenas 0,5% da produção científica mundial é citada 50 vezes.
Há pelo menos um viés que contribui para colocar a "Escola" à frente da USP (que inclui a arqui-rival "Faculdade", ou Faculdade de Medicina): só tem, praticamente, cursos nas áreas de "hard science".
Todos os cursos de graduação da UFSP (Universidade Federal de São Paulo), criada em dezembro do ano passado, são de biológicas: medicina, enfermagem, fonoaudiologia, ortóptica e biologia modalidade médica.
A produtividade dos pesquisadores da "Faculdade", por exemplo, é diluída pelo mau desempenho de professores da área de humanas no índice de citações.
Se a USP tivesse a mesma estrutura que a Paulista, só com cursos em ciências biológicas, por exemplo, o ranking provavelmente seria diferente.
Mesmo assim, a Paulista também tem seus improdutivos. "Metade dos docentes daqui não publicam", disse à Folha Manuel Lopes dos Santos, reitor da universidade.
Além da peculiaridade de ser uma universidade voltada basicamente a uma só área, a Paulista se diferencia por oferecer um número de cursos de pós-graduação quase oito vezes maior do que os de graduação. "São 39 cursos, para mestrado e doutorado, disse Lopes dos Santos.
O número de alunos da pós-graduação também é maior do que o de graduação. No total, segundo o reitor, a UFSP tem 744 docentes, 1.100 alunos de graduação e 2.600 de mestrado e doutorado, além de 600 estagiários e residentes. Cerca de 25% deles recebe bolsas de agências de fomento à pesquisa.
Esse investimento na pós-graduação e em pesquisa médica, no Brasil, resulta em condições privilegiadas. "Podemos produzir muito porque as técnicas da Escola são de Primeiro Mundo, mas as doenças são de Terceiro", disse Lopes dos Santos. "Isso nos permite produzir muitos trabalhos".
A alta produtividade da Paulista gerou outra de suas características: tem provavelmente o campus mais mal definido de todas as universidades brasileiras.
São nove edifícios principais, espalhados em diversas quadras da Vila Clementino, em São Paulo. Além deles, há a famosa Bireme (Biblioteca Regional de Medicina), a principal biblioteca médica da América do Sul. Pertence à Organização Mundial da Saúde, mas todos a associam à Paulista.
"E temos também as casas que foram compradas nas redondezas, à medida que os departamentos iam se expandindo", diz Lopes dos Santos. "Nem sei quantas são".

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