São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Pesquisa sobre leishmaniose atrai verbas do exterior para a Bahia

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR (BA)

O trabalho de Edgar Marcelino Carvalho, 44, 4º colocado na lista de mais citados, e de Roberto Badaró, 43, 8º colocado, ambos da Universidade Federal da Bahia, é exemplar do estágio atual da ciência brasileira de qualidade.
Os dois pesquisam a leishmaniose, uma doença que afeta, hoje, em torno de 300 milhões de pessoas no mundo -duas vezes a população brasileira-, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Descobriram ciclos antes desconhecidos da leishmânia -um protozoário que pode provocar feridas na pele ou inchaço dos órgãos internos, como o fígado-, desenvolveram novas formas de detectar quem está infectado e testam, atualmente, uma vacina.
``Ninguém pode ter um resultado desse sem fontes externas de financiamento", diz Carvalho. ``A forma como o Brasil pode competir com a ciência internacional é trabalhar com alguma coisa que seja nossa. Eu nunca vou competir com eles em Aids, por exemplo", acrescenta Badaró.
As duas afirmações dão um bom perfil da ciência que consegue impacto internacional: por um lado, desenvolve linhas originais de pesquisa, por outro, depende de colaboração externa.
O salário de Roberto Badaró na UFBA este mês foi de R$ 654,00. Mas, como Carvalho, ele lida com verbas anuais de dezenas de milhares de dólares e mantem, com elas, outros 15 pesquisadores.
Ambos estão no quadro docente de instituições americanas de pesquisa, como a Escola Médica da Cornell University, em Nova York. Têm financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, dos EUA), e da Organização Mundial da Saúde, entre outros.

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