São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Laboratórios da UFRJ parecem 'batcavernas'

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A principal fábrica de ciência de qualidade no Rio de Janeiro passa, à primeira vista, uma impressão de decadência. O estado de abandono do campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) na ilha do Fundão não parece condizer com uma ``ilha de excelência" (o gramado da USP é bem mais cuidado).
Apesar dessa imagem, os prédios mal conservados escondem várias ``batcavernas" -laboratórios bem equipados onde equipes de cientistas fazem trabalhos em colaboração com equipes no exterior, publicam em revistas importantes e são posteriormente citados em outras pesquisas.
Entre esses locais na UFRJ estão, principalmente, o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, os institutos de Física e Química e os departamentos de Microbiologia e Bioquímica.
A ligação com grupos de pesquisa fora do país é um ponto-chave para se acompanhar o ritmo da pesquisa em uma área. E, no mínimo, facilita a obtenção de verbas. Recursos externos se somam àqueles provenientes das instituições de fomento à ciência no país.
O vínculo externo também é um trunfo na hora da publicação (existe um certo grau de preconceito em ciência. Tende-se a prestar mais atenção a um artigo vindo de Harvard do que de uma universidade do Terceiro Mundo).
Um bom exemplo é Edson Albuquerque, do Instituto de Biofísica, que está na lista dos 170 mais citados e que também é professor da Universidade de Maryland, nos EUA. Outro pesquisador do instituto, Wanderley de Souza, é o 2º brasileiro mais citado.
Fora da universidade, há centros de qualidade espalhados em outras instituições, como o CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas). Um de seus pesquisadores titulares, Constantino Tsallis, da área de física estatística, é o 5º brasileiro mais citado. No momento ele está trabalhando na Universidade do Estado de Michigan.
A área de física também tem destaque no Rio naquela que talvez seja a única instituição privada a fazer pesquisa competitiva, a PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
A Fundação Oswaldo Cruz, na área de biomédicas, é outro foco de ``batcavernas" -com a vantagem de seus prédios estarem bem mais conservados do que os da UFRJ.
(RBN)

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