São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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alma do soul quer ver Brasil de peito aberto

ANA BAN

"Gostaria que algumas garotas fossem ao meu show com os peitos de fora alma do soul quer ver Brasil de peito aberto
Lenda viva do rythm'n'blues, o cantor norte-americano Wilson Pickett vem ao Brasil para o Nescafé & Blues, que começa quarta-feira, em São Paulo. Aos 54, em plena forma e de ótimo humor, ele falou à Revista da Folha pelo telefone, de Nova York. Na estrada desde os anos 60, o criador da clássica "In The Midnight Hour prepara disco novo, planeja dividir o palco com James Brown em junho, no Festival de Montreaux, e ainda consegue acompanhar a nova geração de música negra. Não por acaso, foi homenageado no filme "The Commitments, de Alan Parker, sobre jovens músicos de soul.

O que ficou de sua única visita ao Brasil, em 72?
Estive no Rio (para o Festival Internacional da Canção). Lembro que eu e minha banda tivemos que esperar do lado de fora (do Maracanãzinho), quando chegamos para o show. Havia muitos policiais, com metralhadoras enormes. Um dos meus colegas tentou entrar e todos os guardas apontaram as armas para ele. Sei que foi um mal-entendido, mas me impressionou.
O que espera da próxima visita?
Gostaria de ver algum tipo de selva. Sei que o Brasil é um dos países mais bonitos do mundo, cheio de surpresas. Vou levar minha câmera portátil. Mas não sei nada sobre este festival do qual vou participar.
Como será o show?
Vai ter muito rythm'n'blues. Eu tenho vários hits do passado e vou cantar todos: "In The Midnight Hour, "Mustang Sally, "Land of 1.000 Dances, "Everybody Needs Somebody to Love...
Quantos shows faz por ano?
Não muitos, só os mais significativos. Já não me preocupo com isso.
O que espera do público?
Meu dinheiro (risos). Quero que as pessoas se divirtam, não que fiquem paradas olhando para mim. Quero que entrem no balanço. Gosto mesmo é da participação do público. E de me divertir porque, para estar no palco, trabalhei muito.
Planeja um novo disco?
Sim, estou para assinar um novo contrato com uma gravadora. Provavelmente será com alguma ligada à Warner Communications. Estou ansioso para entrar no estúdio. Vou gravar músicas novas.
Gosta da nova música negra?
Eu tiro meu chapéu. Os jovens, com seu estilo, incorporaram o rythm'n'blues e fazem com essa base seu pop, seu rap. E é muito bom.
O que gosta de ouvir hoje em dia?
Anita Baker, Aretha Franklin, Tina Turner... E também Gladys Knight.
Que tal era a vida de soulman nos anos 60?
Eu fazia turnês com outros grupos e cantores, como Solomon Burke (pioneiro do estilo, compôs hits como "Everybody Needs Somebody to Love), The Marvelettes (um dos grupos vocais femininos mais famosos da gravadora Motown)... A gente viajava no mesmo ônibus. Às vezes tínhamos que empurrá-lo montanha acima. Quando ganhávamos dinheiro o bastante para comer em um restaurante, era o máximo. Burke comprava comida e chegava no meio da noite, balançando partes de frango no nosso nariz e cobrando US$ 5 por pedaço. Aqueles eram bons e velhos tempos. Hoje tenho mais dinheiro, mas o amor está fora dos negócios. Há muita política.
O sr. vai mesmo cantar com James Brown em Montreaux?
Depois do Brasil, saio em turnê pela Europa. Parece que este festival está nos planos. Se nós dois estivermos lá, cantaremos juntos. Somos amigos em qualquer lugar. Fale sobre "The Commitments. Eu gosto muito desse filme. Aqueles garotos são muito interessantes. Quando eles estiveram nos Estados Unidos, eu me apresentei com eles. Foi uma experiência ótima.
O sr. conhece música brasileira?
Não. Bom, tem um cara que eu não lembro o nome, sempre se apresentava por aqui. E tinha uma cantora que vinha com ele, com as pernas mais bonitas do mundo. Espero encontrar muitas garotas no Brasil com aquelas pernas. Isso é o que mais me interessa, vou deixar o Brasil louco! Não, é brincadeira. Mas sei que há muitas mulheres bonitas aí.
O que o senhor acha das regravações de "In The Midnight Hour?
Eu nem faço idéia de quantas existem. Mas me sinto muito bem sabendo que tanta gente canta a música que eu escrevi. Só pelo fato de ter uma música boa, sei que serei lembrado e amado pelas pessoas.
O que o sr. faz à meia-noite?
Bom, isso é pessoal. Mas eu te conto quando chegar aí. E quero reivindicar uma coisa: gostaria que algumas garotas fossem ao meu show com os peitos de fora. Tenho discutido com os meus amigos se é verdade mesmo que as mulheres andam assim por aí. Só estou esperando para ver isso de perto.
Em São Paulo será difícil. Talvez nas praias do Rio o sr. veja algumas.
Então é lá que isso acontece? Fica muito longe? Preciso ir ver..

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