São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995 |
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'Rei' do varejo de brinquedo quer cem lojas até ano 2000
NELSON BLECHER
Não para o paulistano Adelino Pimentel, 51. Neto de um importador que abastecia os barões do café com champanhe e uísque; economista e ex-consultor de empresas, ele continua trabalhando 14 horas por dia no planejamento de uma fase decisiva de sua rede, a D.B. Brinquedos. Se tudo der certo, nos próximos cinco anos, à razão de investimentos anuais de US$ 20 milhões, a D.B. Brinquedos deve saltar de atuais 30 para 100 lojas e conquistar o país. O número de funcionários deve triplicar e alcançar 1.500. Rio de Janeiro e Porto Alegre têm prioridade na rota da expansão. ``Se for necessário vamos buscar recursos no mercado e abrir o capital", diz Pimentel. Sócio No início de abril, o centenário J.P.Morgan comprou 35,7% da rede, iniciada em 1981 com a abertura de uma loja no bairro de Moema (zona sul). Interessante é que a fórmula de Pimentel -um supermercado de brinquedos- era a antítese acabada de outra loja, inaugurada no ano anterior em sociedade com a mulher e a cunhada. ``Era uma butique de brinquedos sofisticada. Tive dois anos de prejuízo", conta. ``Encostei o umbigo no balcão e descobri que o negócio era vender preço, não brinquedo". Obrigado a enfrentar a concorrência de gigantescas redes de departamentos e magazines, ele diz que cortou custos ao máximo: o sistema de auto-serviço eliminava as comissões de vendedores, além de reduzir o número de funcionários por loja. Pela primeira vez, brinquedos passaram a ser vendidos em sacolas. Se o cliente deseja embrulho para presente, a loja vende o papel. ``Na época, a margem (de lucro) dos magazines era elevadíssima, de 70%. A nossa era menos da metade", disse. ``Fui eu quem sugeri a ele montar no Brasil uma cadeia nos moldes da norte-americana Toys `R' Us, que vinha fazendo muito sucesso com auto-serviço e preços baixos", afirma o empresário Mário Adler, presidente da indústria de brinquedos Estrela. Correção de rumo Graças à ``vantagem competitiva" em relação à concorrência, a rede proliferou como um cogumelo. Em apenas um ano, 1991, o número de lojas dobrou, chegando a 27. Foi quando a D.B. Brinquedos engoliu seu principal rival: os 12 pontos da cadeia Só Brinquedos, vinculada às Lojas Americanas. A escalada foi marcante nesta década. Em 1993, a rede D.B. chegou a ter 33 pontos. ``Abrir e fechar lojas, para mim, é como tirar cabide do armário", exagera Adelino Pimentel, que não se nega a apontar erros de trajeto. Em meados da década passada, a D.B. buscou o atalho da diversificação. Surgiram lojas de artigos para crianças, utilidades domésticas e até bicicletas. Foram posteriormente fechadas ou transformadas em ``corners" (estandes) dos pontos tradicionais. ``É impossível ser bom em tudo, o melhor é se fixar no negócio principal", ensina Pimentel, que quatro vezes ao ano comparece à Fundação Getúlio Vargas para palestras na cadeira de Livre Iniciativa, onde estimula os ouvintes a ``ter confiança em seus talentos e empreender". Mais itens Outra correção de rumo deve ocorrer nos próximos quatro meses, quando o número de itens à venda por loja vai dobrar para 6.000. Pimentel admite que algumas lojas pecam pela variedade e correm risco de decepcionar ``o maior aliado" da D.B.: as crianças. ``Trocamos a eficiência pela velocidade de crescimento, mas isso agora vai mudar", diz ele, que se declara ``inimigo da teoria", mas faz questão de redigir, a lápis mesmo, cada novo passo da D.B., em relatórios arquivados junto a fotografias das lojas. Para Pimentel, dirigir um varejo de brinquedos é semelhante a apostar nas roletas de Las Vegas. A cada ano 300 fornecedores lançam mil novos produtos, dos quais 60 fracassam. Além de desenvolver faro fino, diz ele, é necessário disposição para perder e empatar, já que se trata de comércio sazonal -75% das vendas são registradas no último trimestre- e os brinquedos entram e saem de moda. (Nelson Blecher) Texto Anterior: Gelo para esquentar as vendas Próximo Texto: Sucessão deve ser profissional Índice |
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