São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Uma franquia para cada ministro

MARCELO CHERTO; MARCUS RIZZO

MARCELO CHERTO e MARCUS RIZZO
O que será que leva os ministros, principalmente os da área econômica, a pisar tanto na bola? Burro, nenhum deles parece ser. Ignorante, tampouco. Muito ao contrário: vários têm pós-graduação em universidades estrangeiras de primeira linha; outros são professores em entidades de prestígio. Então, o que será?
Na nossa opinião, falta-lhes "barriga no balcão". Falta-lhes a experiência de implantar e dirigir uma empresa. Não estamos falando em ser executivo de um banco ou uma grande empresa, com direito a motorista, secretária e mesa reservada na sala de almoço.
Na nossa visão, alguém só deveria ser nomeado ministro se antes tivesse implantado e operado, no Brasil, durante uns dois anos e com sucesso, uma pequena empresa. Uma farmácia, uma loja, uma escola etc. Vale qualquer ramo. O essencial seria que não tivesse, em momento algum, recebido qualquer ``benesse" por ser ligado a certas pessoas ou a um partido.
Com essa experiência, qualquer um iria perceber que não se acaba com cheque pré-datado na base da portaria, que aumentar o Imposto de Importação gera mais dor de cabeça do que benefícios, que elevar a carga tributária só aumenta a sonegação. E outras coisinhas mais... Coisas que qualquer pequeno empresário percebe de cara, mas os ministros não.
O problema é que muitos ministeriáveis não têm experiência suficiente para implantar um negócio com chance de dar certo. Não é qualquer um que tem estômago para implantar ``do zero" uma pequena empresa neste país e capacidade para fazê-la dar certo. E seria sacanagem forçar os caras a entrar numa fria. Aí é que entram as franquias. Adquirindo uma franquia bem estruturada, qualquer um (desde que tenha o perfil adequado) pode iniciar um negócio com razoável chance de sucesso, mesmo sem experiência.
Vale a pena tentar. Mesmo porque, se isso não ajudar a formar ministros melhores, certamente não vai conseguir torná-los mais distantes da realidade do que alguns dos que temos enfrentando nos últimos anos. Amém!

MARCELO CHERTO é diretor da Cherto & Rizzo Franchising; MARCUS RIZZO é presidente do Instituto Franchising. Os dois são professores da FGV e da Franchising University.

Texto Anterior: O dilema agrícola
Próximo Texto: Parcela isenta atinge só uma aposentadoria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.